sexta-feira, 18 de maio de 2012

Rede de Intrigas



Em pronunciamento no evento que selou o apoio do DEM ao PSDB em São Paulo, o candidato José Serra demonstrou preocupações com relação à unidade da aliança que acabava de ser firmada. Disse que, a despeito de divergências, todos deveriam agir doravante como se amiguinhos de infância fossem.

A justificativa para a pregação foi ainda mais reveladora dos temores que assombram o candidato. Disse que os adversários (entenda-se Fernando Haddad, do PT) virão com programas consistentes e ( deixou no ar) forte coesão.

As rugas que perpassam a aliança de alto a baixo foram assunto de matéria bastante elucidativa do jornal Valor Econômico. Por ela fica-se sabendo que Kassab enxotou da prefeitura seu homem forte Alexandre de Moraes, ex-tucano e secretário de Serra.

Uma ferida mais importante ainda, porém, a reportagem deixa de registrar. Aquela que afasta o secretário estadual José Aníbal do candidato, depois de atropelado pelas conveniências políticas de Serra.

É essa desavença que tem maior potencial de paralisar o partido onde ele mais precisa recolher votos, nas zonas sul e leste da cidade, tradicionalmente atendidas pelo que restou do covismo dentro do PSDB.

Segue em inteiro teor a matéria publicada pelo diário de economia e negócios do dia 17/05/2010.



DEM formaliza apoio a Serra e cobra acordo em seis capitais

Por Cristiane Agostine

SÃO PAULO - O DEM formalizou nesta quinta-feira apoio à pré-candidatura de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo e cobrou acordo com os tucanos em outras seis capitais. Serra já tem como aliados PSD e PV e com a nova adesão ganhará, pelo menos, mais um minuto e quarenta segundos no horário eleitoral gratuito.

Ao participar do evento para formalizar o apoio, em um clube na capital paulista, o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que o acordo em São Paulo é a “primeira de uma série” de alianças que os dois partidos têm de fazer “em nome da coerência”. “Estamos lançando em São Paulo a primeira [aliança], um ícone, um símbolo, que precisa se repetir. Onde o PSDB for mais forte, como em São Paulo, o DEM vai apoiar. Onde o DEM for mais forte, espera o apoio do PSDB”, disse Maia.

Em seguida, o dirigente afirmou que o acordo tem de acontecer em Curitiba (PR), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO). “Não há por que PSDB disputar com o DEM [nessas cidades]. Os dois têm que estar juntos para que vença a oposição no Brasil”, afirmou o senador.

Presente no evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que os dois partidos “têm tradição” de estarem juntos nas eleições. Alckmin disse que a cobrança de Agripino “é natural” e ressaltou que mais uma aliança entre as legendas será firmada amanhã, em Salvador. Nesta sexta-feira, o PSDB retirará a pré-candidatura do deputadofederal Antonio Imbassahy e anunciará apoio à pré-candidatura do deputado federal ACM Neto na capital baiana.

Lideranças do PSDB e do DEM procuraram minimizar as divergências dentro da base de apoio a Serra e pregaram a união.

O presidente nacional do DEM procurou minimizar o mal-estar com o PSD, que compõe a aliança da pré-candidatura tucana. “É verdade que existiram resistências”, disse Maia. “Trabalhamos para vencê-las”, afirmou. O DEM não queria aliar-se ao PSD e lançou a pré-candidatura do secretário estadual Rodrigo Garcia, retirada oficialmente nesta quinta.

Ao criar o PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, esvaziou o DEM, fez com que a legenda perdesse parte de sua bancada na Câmara, o comando da capital paulista e do governo de Florianópolis, antes nas mãos da sigla. Kassab não participou do evento, mas o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, representou o PSD no encontro.

Outra divergência entre o DEM e PSD foi protagonizada pelo presidente municipal do DEM, Alexandre de Moraes e Kassab. Moraes foi uma espécie de supresecretário do governo municipal e saiu da gestão de forma tumultuada, demitido por Kassab.

Além disso, houve problemas entre Alckmin e Kassab, que em 2008 foram adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O prefeito, então filiado ao DEM, obteve apoio de parte do PSDB, apesar da candidatura Alckmin. Na disputa, os dois políticos trocaram acusações e ficou um mal-estar pós-eleição.

Serra evitou falar das divergências entre as legendas e defendeu a unidade. “Nós temos que somar nessa campanha. Quem está junto nessa campanha agora é amigo desde criancinha, porque os adversários vão vir com programas consistentes”, declarou o tucano. “A palavra de ordem é somar. Vamos fazer a campanha juntos, vencer juntos e governar juntos”.

Tanto Serra quanto Agripino fizeram diversos elogios a Alckmin durante o evento. O presidente nacional do DEM disse que o “avalista maior” da união com o PSDB é Alckmin. “Estivemos juntos no passado, vamos estar juntos em 2012 e com certeza estaremos juntos em 2014”, afirmou Maia. Já o pré-candidato tucano destacou ações de Alckmin. Em seu discurso, o governador também elogiou Serra, na tentativa de minimizar divergências das eleições de 2006 e 2008. “Vamos à luta, companheiro”, disse Alckmin.

Serra evitou falar sobre quem será seu vice. “Só na segunda quinzena de junho”, respondeu quando questionado. “Não vou especular”.

(Cristiane Agostine/ Valor)


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