A candidatura Serra representa uma unidade forçada e forçosa
do campo da direita política em seu principal reduto, São Paulo. Se no Estado
as coisas vão bem por enquanto para esse segmento do espectro político, na maior
cidade do País, no entanto, não se pode dizer o mesmo.
Como ocorria na velha esquerda do tempo das organizações
clandestinas que davam combate ao regime militar, os partidos conservadores
baixaram o centralismo “democrático” – coesão obrigatória em torno de um único líder
– para evitar que suas forças se dispersassem naquela que seria a primeira das
batalhas políticas visando o controle do palácio dos Bandeirantes em São Paulo
e, com ela, um posicionamento minimamente viável para os enfrentamentos nas
eleições presidenciais de 2014.
Reunir forças passou a ser, portanto, palavra de ordem
emergencial de demistas, pessedistas e tucanos para responder à situação
inusitada de um Lula revigorado pela exposição afetiva de um tratamento contra
o câncer e uma Dilma transformada – pelos próprios adversários – em paladina da
moralidade pública.
È nesse sentido que a candidatura Chalita pelo PMDB á prefeitura
de São Paulo representa um acorde dissonante do campo conservador paras as
eleições que se aproximam. Reforçaria as forças aliadas ao governo federal em
detrimento daquelas aglutinadas ao redor do governo estadual.
Mais que isso, representaria um polo de aglutinação
alternativa para amplos setores do eleitorado que não vota no PT, mas está
desacreditado de Serra, considerando-o preso na mesma armadilha que sufocou
Maluf como liderança conservadora.
O alarido mal abafado pela mídia sobre suas relações com o
banqueiro mafioso Daniel Dantas, durante a operação Satiagraha da polícia
federa, e seu estilo provecto de fazer política já não se coadunam com a
necessidade de apresentar à sociedade um candidato confiável, pronto a sustentar
bandeiras caras ao conservadorismo sob um ângulo inovador.
O potencial da candidatura Chalita de desarrumar as bases do
conservadorismo é proporcional ao da sua penetração nos setores políticos que dão
sustentação à candidatura Serra, egresso que é dos quadros do PSDB e vinculado
pessoalmente ao governador Alckmin.
A permanência de Chalita na disputa transferiria, por essa
razão, lenta e silenciosamente toda a energia, que se esperava aqueceria a campanha
de Serra, para um PMDB repaginado pela chegada à vice-presidência da República e
aerado em plano estadual depois da morte do caudilho interiorano Quércia.
Rifar Chalita no jogo de bastidores com os amigos do
judiciário é questão de vida ou morte para a estratégia que o campo conservador
armou paras as eleições de outubro. Daí a representação da conhecida
colaboradora no Ministério Público Federal que pleiteia o cancelamento do
registro da candidatura dissidente por infidelidade partidária.
Tudo indica que a manobra judicial fracassará. E por uma
única razão: quem é infiel é infiel em relaçao a alguém. E esse alguém é a legenda que
Chalita abandonou ao dar ingresso no partido pelo qual se lançou à prefeitura
de São Paulo, o Partido Socialista Brasileiro – PSB de Eduardo Campos.
A manifestação do partido, corroborando a não assimilação do
candidato cristão à doutrina socializante do PSB deverá ser o bastante para
fazer ruir o juízo moral do que é o ou não infidelidade partidária pela ótica da
procuradora federal.
Evidente que nesse processo não cabe a candidato do PT
cruzar os braços, pensando que possa ser beneficiário da cassação de Chalita.
Poderá se dar o contrário. Cabe neste momento ao PT defender por todos os meios
o direito democrático do candidato Chalita de manter-se na disputa até a
abertura das urnas em 15 de outubro, condenando e repudiando a manobra torpe de
impedir que os católicos tenham seu candidato às eleições paulistanas.
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