Além das vultosas obras das marginais que consumiram, mesmo
sem que um houvesse um projeto executivo para a contratação delas, a cifra
bilionária de quase 4 bilhões de reais, descobre-se agora outro elo que explica
o que une Serra e Kassab.
O jornal Folha de São Paulo divulgou levantamento que aponta
a existência de registros de propriedade de 125 de imóveis em nome do responsável pelas autorizações para
construção de prédios na cidade de São Paulo, certo Hussein Saab.
Descendente de sírio-libaneses, como Kassab, esse senhor de
70 anos de idade conheceu o prefeito da Capital de São Paulo quando ambos
serviram ao ex-prefeito Celso Pita entre 1997 e 2000. Indicado pelo patrício
para comandar o estratégico posto na gestão de Serra, esse experiente senhor
permaneceu atuando com desenvoltura até abril deste ano, quando teve seus bens rastreados pelo jornal.
Pensar que Hussein agia sem a conivência daqueles que o
nomearam seria ingenuidade. Autoridades no mais alto escalão da prefeitura tinham
no designado o operador para a exploração de oportunidade de negociatas nos audaciosos planos de
valorização de áreas inteiras da cidade, que tanta interessa ao poderoso capital
imobiliário.
Não por acaso os mais valiosos imóveis da carteira pessoal
do funcionário estava localizado nas regiões mais valorizadas da zona sul da
capital, onde estão instalados shopping-centers e escritórios comerciais de alto padrão.
Nela também está localizado o projeto águas espraiadas que
irá liberar ao mercado imobiliário extensas áreas marginais à avenida de mesmo
nome mediante o uso do que se convencionou chamar de direitos de construção.
Uma espécie de título emitido pelo poder municipal que dá direito às incorporadoras
de construírem edifícios onde antes vedava a lei.
Para quem conhece um pouco como operam esquemas de propina
na administração pública, à linha de frente das operações – no caso o assessor
Hussein – cabe parcela menor do produto da coleta, ficando a parte do leão ao pessoal graúdo responsável
pela manutenção no cargo do operador e pela sanção das negociatas.
Fez um esforço tremendo outro dia a jornalista Renata Lo
Prete diante das câmaras da Rede Globo para dissociar Serra e Kassab da ação do
malfeitor Hussein. Disse a comentarista que o caso era exemplar por mostrar que
a corrupção não era só praticada por agentes políticos mas também por funcionários
de carreira.
Bobagem tendenciosa. O senhor Hussein era sim um agente
político porque ocupava um cargo de confiança, de provimento ao alvitre de
figurões do governo municipal. Tampouco pode ser dito que o corrupto poderia
ser considerado “prata da casa”, como fez a porta-voz da emissora.
O senhor Hussein manteve-se no órgão público durante a gestão
petista de Marta Suplicy como funcionário comum, apenas ascendendo à condição de
comandante geral da propina por designação de ninguém mais ninguém menos que o
prefeito Gilberto Kassab, sósia moral de Serra.
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