O caso da “denúncia” feita pelo ministro do Supremo Federal
Gilmar Mendes de que teria sido pressionado por Lula a abrandar veredictos no
julgamento do escândalo armado pelo criminoso Carlinhos Cachoeira, é prova da falta que faz ao País uma oposição digna do nome.
Tivéssemos partidos oposicionistas que promovessem o
contraditório democrático, não seria preciso recorrer a manobras midiáticas
mediante o uso de instituições do Estado brasileiro.
Como último ministro da
era Fernando Henrique Cardoso na suprema corte do País, Gilmar Mendes tem sido
convocado com espantosa frequência por líderes políticos da oposição para ações
de enfrentamento com o Governo Federal.
Não vai longe quando o candidato Serra foi pilhado pela
imprensa acionando o juiz quando este dirigia o Tribunal Superior Eleitoral
para que fosse dificultado o voto dos mais pobres nas eleições presidenciais
passadas. Tampouco se apagou das memórias o jogo combinado que protagonizou o
suspeitoso ministro com o ainda senador da República e integrante do bando de
Cachoeira, Demóstenes Torres, para que que o então presidente Lula da
Silva parecesse estimular escutas clandestinas da cúpula do Judiciário.
O estratagema de envolver uma Instituição de Estado com
disputas político-eleitorais tem paralelo em outros países da América latina
com a finalidade última de promover, de início, o tensionamento das relações entre os
poderes nacionais para depois, no ápice do impasse, convocar as forças armadas
para dirimir, sabe-se bem em favor de quem, o conflito provocado.
Aqui não se chegou a tanto, porque a renovação da cúpula do
Judiciário e sua recusa em participar do embate que deve ter lugar no parlamento, impediu
que a Instituição se desviasse de seu papel constitucional de interpretar a o
produto da atividade legislativa.
Mas a falta de compromisso de parcela preponderante da
oposição brasileira com o regime democrático, notadamente do partido do Democratas
– nome farsesco, dado o apoio de seus lideres ao golpe militar de 1964 – concorre para que judicialize o
processo legislativo, as disputas políticas e a prática administrativa ao
carrear para a esfera do Judiciário toda a matéria de interesse da sociedade
cujo encaminhamento não consegue influir por meio do voto no parlamento ou pela
influência no executivo.
Com a perspectiva de derrocada definitiva do partido com a
cassação iminente de um de seus 4 senadore,s após o esvaziamento que sofreu com
a defecção de parlamentares promovida pelo prefeito de São Paulo Gilberto
Kassab, o DEM, como é chamado, faz um gesto desesperado para salvar a si e a
aliados do desastre eleitoral que se avizinha nas eleições municipais,
apostando todas as fichas na reverberação do factoide criado em torno de Lula da Silva para dar
visibilidade ao julgamento do que ficou conhecido como mensalão.
Contaram para a iniciativa o envolvimento de Veja
nos crimes praticados pela quadrilha do criminoso Carlinhos Cachoeira e a
denúncia-crime contra o governador Marconi Perillo do aliado PSDB.
Mas a polarização artificial criada e o prestígio popular do
ex-presidente acusado sem provas pelo magistrado, numa situação em que aos
poderes da República já se deram os meios de um funcionamento harmônico e auto-regulado,
deverão produzir efeito contrário ao
esperado pelos seus articuladores.
Ambos, julgamento e investigação, ganharão condução regular
e de tal sorte independentes que não restará ao juiz e à revista que divulgou a
denúncia responderem pela associação com o criminoso Cachoeira.
Duvido que isso aconteça, meu nobre amigo. Mas seria extraordinário tal saneamento além de inaudito. Oxalá voce tenha razão. Vamos esperar para observar o que irá acontecer.
ResponderExcluirUma outra linha de pensamento que tentei passar.
ResponderExcluirPlagiando o PIG: O outro lado da notícia
http://marlyrosa13.blogspot.com.br/2012/05/o-outro-lado-de-uma-noticia.html