Está vindo à tona mais um escândalo que deverá mostrar o
motivo de força pelo qual Serra candidatou-se a prefeito de São Paulo nas
eleições deste ano. Os fatos que cercam o novo escândalo e que explicam o porquê
de Serra decidir-se pela prefeitura estão estampados na revista Isto É desta
semana.
No centro da reportagem está a Construtora Delta e as obras
comandadas em conjunto pela Prefeitura e o Estado para a ampliação das
marginais do Tietê, respectivamente nas gestões de Kassab e Serra.
Na época, este blogueiro trabalhava como técnico do
departamento de meio ambiente da estatal Dersa que atuou como empreendedora das
obras. A iniciativa fazia parte de um
grupo maior de intervenções desse tipo enfeixadas naquilo que denominaram Programa
de Melhoramento do Viário Principal da Cidade de São Paulo.
A decisão de reformar
a marginal não decorreu de estudos prévios gestados por técnicos da empresa e foi
tomada de forma intempestiva pelas autoridades estaduais e municipais que para
tanto trocaram o presidente da estatal, fazendo substituir ao economista Thomás
de Aquino o engenheiro Delson Amador, ligado ao ex-secretário das
subprefeituras do Município Andrea Matarazzo.
A obra causou intensa polêmica pelas contribuições duvidosas
que traria à melhoria do trânsito da capital, quando considerado o levado custo
para sua implantação de cerca de 2 bilhões de reais.
Inobstante os questionamentos de especialistas de dentro e
fora da empresa, que não viam possibilidade de eficácia numa obra de
alargamento parcial daquela via expressa, sujeita a gargalos e a episódios de
alagamento, a iniciativa avançou a toque de caixa sem que viesse a ser
desenvolvido o necessário projeto executivo de obras, tal como o exigia a lei
de licitações.
Divertiam-se os técnicos ocupados da construção, dizendo que
sem plantas nem traçado definitivo para as novas pistas o êxito do empreendimento
devia-se exclusivamente à perícia do engenheiro chefe no canteiro em bem
comandar os tratoristas da Construtora Delta.
Como não poderia deixar de ser, o orçamento de obras estourou
e o custo final do projeto chegou quase ao do valor do Trecho Sul do
Rodoanel, ou 4 bilhões de reais. Uma fábula correspondente a quase a metade do
que custou todo o rebaixamento da calha do Rio Tietê, que corre ao lado dos 10
Km de pistas instaladas.
Para atenuar a recusa em submeter-se o projeto de obra ao Conselho Estadual do Meio Ambiente, dado a abrangência metropolitana da bacia
do Tietê, o município cobrou que compensatoriamente fossem plantadas 80 mil
árvores nos bairros adjacentes às marginais.
Para essa tarefa o mesmo braço direito de Serra na
Prefeitura, Andrea Matarazzo, deslocou um dos seus homens de confiança. O
resultado também aí não foi melhor que o colhido no alargamento do pequeno
trecho das marginais.
Em avaliação do final
de 2010, quando 80% das mudas plantadas deveriam estar em estágio avançado de
desenvolvimento, era registrada mais de 60% de mortalidade dos espécimes. O que
não impediu que, antes de concluídos os trabalhos e feitas as
devidas reposições de mudas, todos os contratos com as empresas de plantio fossem
liquidados de maneira antecipada, no mesmo momento em que Serra abandonava o
governo para lançar-se candidato.
Se não bastassem outras, estão aí boas razões para o candidato não
desejar a panela da prefeitura destampada.
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