Como na brincadeira gráfica de “onde está Wally” dos anos
1980, quem assistisse o “Jornal das 10”na TV à cabo Globo News, iria
ressentir-se da ausência de representantes do enfoque mais liberal sobre
economia no debate que a editoria do telejornal convocou para avaliar a
situação da Europa nas novas circunstâncias de agravamento da sua crise
interna.
Onde estariam figuras como Malan e Armínio Fraga para
discorrer sobre as turbulências da zona do euro? Simplesmente não foram
convocados para dar as opiniões que muitos julgam já conhecer: que as políticas
de austeridade deveriam ser aprofundadas, que países (leia-se a Grécia) deveriam
abandonar a moeda única e que os juros deveriam ser elevados para equalizar
balanços de pagamentos entre os países.
Mas porque essas teses não gozam mais de qualquer
credibilidade, desmoralizadas pelo descarte generalizado de que foram
objeto no receituário até agora adotado pelas maiores economias do mundo para
enfrentar a dupla turbulência provocada pelos títulos imobiliários americanos
desde 1998 e mais recentemente pelos títulos representativos de dívidas de
governos europeus, os chamados títulos soberanos, aqueles senhores não foram
convidados.
Se ausentes estavam as duas figuras mais representativas do
pensamento econômico encarnado por Fernando Henrique Cardoso, presente estavam
duas figuras da velha guarda que viram nos últimos tempos sua matriz de
pensamento revitalizada pela confirmação das reconhecidamente boas teses do
economista inglês dos anos 20 do século passado John Maynard Keynes, aquele
quem melhor diagnosticou os males da crise de 1929 e aviou-lhe a melhor receita
de superação.
Representando as ideias que melhor expressam setores mais
amplos da economia – indústria, comércio e agricultura – e que respondem pela
grande massa de empregos no País, estavam os ministros Delfim Neto e Luis
Carlos Bresser Pereira. Ambos vinculados ao que se poderia chamar de vertente
desenvolvimentista do pensamento econômico brasileiro, que creem que a saída para
a crise europeia esta no relaxamento das amarras monetárias e fiscais na Alemanha,
a fim de que a economia do continente
como um todo volte a ganhar vigor e supere mais rapidamente a turbulência que
atravessa.
Diga-se de Bresser Pereira, que a emissora tentou fazer
passar como afinado com o governo Fernando Henrique Cardoso, ser ele na verdade
um dissidente do pensamento econômico tucano, que se rebelou faz pouco contra a
defesa velada que vinham fazendo seus pares de partido das políticas de austeridade
ditadas pelos bancos e setores rentistas no Brasil, renunciando à sigla que
ajudou a fundar.
Fica claro do episódio que as orientações econômicas professadas
pelos expoentes da PUC do Rio de Janeiro e que têm sua fonte de formulações
teóricas dirigidas ao PSDB no agrupamento conhecido por “casas das garças”,
também no Rio, não consegue mais frequentar as bancadas da Rede Globo como
vinha fazendo até antes do governo Dilma Russef.
Cabe notar que a essa rarefação do pensamento econômico
conservador notadamente vinculado aos interesses do setor financeiro,
correspondeu também o sumiço da comentarista Miriam Leitão dos telejornais
noturnos da emissora e agora, mais recentemente, também do comentarista Carlos
Alberto Sardemberg cujo irmão é economista-chefe da Federação dos Bancos, a
Febraban.
Nada como o vento dos novos tempos para varrer o pó das
velhas ideias e devolvê-las aos livros-textos, de onde jamais deveriam ter
saído.
Os outros quebram, os blogueiros oficias ficam, não é. Keynesianos a rodo afundam o mundo em mar de moedas, vamos esperar o óbvio, infelizmente. Como sempre, os liberais virão consertar a 'm...' que os progressistas armaram em nome do povo e contra o império e tróloló, patati patata!
ResponderExcluirBormão