Interessante o quadro que se desenha para as eleições municipais de 2012. Todos os alinhamentos político-eleitorais vêm sendo definidos em função de Lula, o que significa que se engendram as condições para que seja ele mesmo o candidato ao governo do Estado de São Paulo para as eleições estaduais de 2014.
O fato novo que aponta para uma situação dessa natureza é a recente filiação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meireles ao PSD de Kassab e sua possível candidatura a prefeito de São Paulo por esse partido.
Com a confirmação dessa hipótese, seriam 3 os candidatos afinados com Lula na disputa eleitoral: o próprio candidato do PT, que tudo indica será o ministro da Educação Fernando Hadad, o candidato do PMDB Gabriel Chalita e o já mencionado Meireles. Qualquer um que vencer não poderá deixar de creditar sua vitória em segundo turno a Lula, o grande eleitor do pleito que se avizinha.
De todos os candidatos, o que dispõe de menor chance de vitória parece ser mesmo Chalita. Não conta com o apoio de qualquer vereador na Câmara Municipal, já que o único da bancada pemedebista, partido que inexiste na capital, bandeou-se também para o PSD.
Seu apoiador velado, o governador Alckmin, estará formalmente comprometido com o candidato de seu próprio partido, possivelmente o secretário estadual José Anibal, depois que o laranjinha que seria escolhido para beneficiar Chalita, Bruno Covas, viu sua pré-candidatura naufragar precocemente com o escândalo do mensalão na Assembléia Legislativa.
Aníbal, por sua vez, entra no páreo municipal em situação agônica devido ao cisma que corrói o seu PSDB desde que o grupo de José Serra inventou Kassab e com ele o novo PSD a que agora se filia Meireles, o qual drena lentamente as energias eleitorais tucana como fez, de uma só pernada, com o finado DEM.
Resultado da ópera, sobra mesmo para Hadad e Meireles. Com vantagens maiores para este último, que num eventual enfrentamento com o candidato do PT em segundo turno teria imantação para atrair o apoio massivo de agremiações de direita como PP de Maluf e nanicos, de centro como o PSDB e – o que não é pouco - teria o ondão de esvaziar o apoio emprestado por Lula ao seu candidato de primeira hora Hadad, em vista da dificuldade de ignorar aquele que foi co-responsável pela obtenção de seu segundo mandato, pela via do sucesso no controle da inflação.
Claro está que Meireles não iria às eleições se Lula o pedisse. Mas o jogo do astuto pernambucano parece ser exatamente o contrário: testar o balão de ensaio Hadad, mantendo com isso a esquerda entretida, e ao mesmo tempo aguardar que o establishment componha-se em torno de Meirelles. Uma vez consolidado como candidatura forte de centro, seu nome poderia vir a contar - senão com o apoio explícito - ao menos com o beneplácito do ex-presidente.
Bem sucedida a sinuca de bico contra os tucanos, restaria ao beck Luís Inácio chutar em direção às traves e correr para ao braço em 2014.
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