sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Isolar os radicais


Uma sombra paira momentaneamente sobre a democracia brasileira. Alguns acharão a frase exagerada, pensando que afinal greves pautadas por reivindicações econômicas não possuem o condão de fazer balançar o edifício da democracia.
Não todas, por certo. A greve conjunta, que hoje teve início no Rio de Janeiro, envolvendo as policias civil e militar assim como o corpo de bombeiros retira ao Estado o que o caracteriza como tal: a capacidade impor-se às vontades individuais e de grupo em favor dos interesses comuns, mediante o monopólio da força. Um Estado privado do poder de coação deixa de existir como tal.
A inexistência provisória de Estado na segunda maior unidade da federação é um acontecimento com força de impacto o bastante para desfechar uma crise de institucional, vale dizer das condições de que dispõe um dos poderes de cumprir com seu mistér, o de governar, se alastrada para o restante do País. Nesse caso, a única resposta política possível é a decretação do estado de sítio, com a inevitável suspensão de direitos individuais.
A hipótese, se configurada, baldaria os esforços que vem sendo conduzidos para desviar a economia brasileira dos efeitos da crise econômica que tem curso fora do País e cuja reversão não é esperada para antes da metade da década.
A combinação de uma eventual crise institucional, decorrente do colapso do aparato policial, com a reversão dos bons números da economia em consequência das forças centrípetas da crise financeira internacional, teria, por sua vez, força o bastante para desfechar uma crise de governabilidade e com isso abreviar o governo Dilma.
O cenário apocalíptico traçado não é nem necessário nem inevitável. Não interessa às forças responsáveis da nação perder a oportunidade aberta com a nova inserção do País no mundo e na diplomacia internacional em razão de uma contingência que decorre da omissão dos diferentes governos que sucederam a ditadura de militar de por fim ao entulho institucional representado pelo aparato de controle social legado pelos generais.
Não poderemos contar, nós a sociedade civil, por muito tempo com o exército para por ordem na casa dado ser ele próprio parte fundamental do problema. Uma sociedade amadurecida do ponto de vista democrático auto-organiza-se em torno de seu Estado, das suas instituições representativas e sobrepassa ela mesma eventuais instabilidades atravessadas pelo regime fundado na cidadania.
Será preciso de imediato isolar todas as forças políticas que abertamente perfilam ao lado dos revoltosos, notadamente os partidos esquerditas e grupos de extrema direita, por meio de um arco de aliança entre setores empresariais, da grande mídia bem como partidos conservadores que considerem a estabilidade democrática um bem maior a ser preservado na perspectiva do alcance  da efetiva prosperidade nacional.
A partir deste momento deverão ser considerados inimigos da democracia todos que estimularem a afronta à carta constitucional representada pela greve de militares em nosso País.


Um comentário:

  1. Seria o terror de Robespierre para manter a democracia, a democracia não vai ruir por conta disso. A não ser que alguém queira tomar o poder a força usando a situação como disculpa.

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