Ao noticiar a morte de Eliana Tranchesi, dona da boutique de luxo Daslu, o jornalista Boris Casoy arrematou a matéria que fora ao ar no telejornal por ele apresentado, com o comentário de que a comerciante teve a morte apressada devido ao fato de haver sido usada para fazer névoa ao escândalo político conhecido como “mensalão”, durante o governo Lula.
Não bastasse a impropriedade de invadir com seu comentário a seara médica, atribuindo a causas emocionais o câncer que vitimou Tranchesi, o apresentador esquece-se que a invasão autorizada da loja para apreensão de documentos revelou-se rumorosa em razão da notoriedade que havia adquirido, no Brasil e no exterior, o negócio da empresária como símbolo da ostentação e do pagamento de preços milionários por consumidores de altíssima renda.
A repercussão do desbaratamento da quadrilha que agia sob mando da socialite e de seu irmão, preso na ocasião, não foi senão consequência da estratégia de marketing que ambos adotaram para a atração de clientes, fazendo-os crer que a simples frequência à glamurosa loja de 17.000 m² era distinção o bastante para colocá-los entre VIPs do mundo.
Mostrado à sociedade como simples esquema de fraudes que era, tomando aos ricos e ao governo, a prisão dos Tranchesi transformou-se em fato midiático pela simples surpresa que o episódio causou ao próprio público lesado e ao restante da população, que via com estranheza tamanha concupiscência das pessoas envolvidas.
Definitivamente, se a mortalha de mártir não caiu bem à falecida Eliana Tranchesi, o papel de oportunista coube à perfeição ao apresentador.
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