Há que se perguntar, por que uma escola de samba leva à avenida a homenagem a um homem que outra coisa não representa senão a ideologia da patronagem e a justificativa das diferenças sociais pela via do espetáculo e da culpabilização? Esse homem é o pseudo-empresário Roberto Justus.
Com sua aparência caricata de cadáver embalsamado, Justus é a representação na TV brasileira dos valores tipicamente liberais sustentados pela mídia, que buscam transferir ao trabalho a responsabilidade pelo desemprego via a transfiguração do que é um fenômeno social em acontecimento da vida pessoal, ditado pelo fracasso.
Justus é caro ao sistema de subordinação ao trabalho por propagar um ideário baseado na dualidade competência - fracasso, que lastreia a aceitação coletiva de uma ordem orientada a privilégios supostamente merecidos.
Ninguém melhor que ele para representar esse papel. Ligado à propaganda, fez carreira promovendo na mídia atributos intangíveis de produtos ofertados por grande empresas em mercados oligopolistas.
Com a supremacia da idéia “você uma empresa”, que via na chamada empregabilidade mera função da gestão eficiente de capacitações pessoais, Justus propôs-se repetir aqui o que era já sucesso ideológico na mídia americana: a apresentação de talk-shows que simulavam processos seletivos, em que os menos preparados para as exigentes demandas de empregadores eram humilhados e rebaixados à condição de incompetentes.
Também reality shows, os programas de Justus pronto despertaram – como já haviam feito em outros países – a simpatia das classes médias, elas mesmas consumidas pelos esforços autofágicos de preparação de seus jovens em custosos cursos oferecidos por fábricas de MBA´s e similares.
Assim foi que Justus tornou-se para parte da sociedade uma espécie de representação do sucesso, um guru sem diplomas e um Silvio Santos às avessas. Foi desfrutando desse status que – apoiado pela mídia e grandes empresas – teve seu nome sugerido para o patrocínio corporativo de conhecida escola de samba em São Paulo.
Tão mais oportuna pareceu às forças do capital a homenagem a Justus, o fato de que a vontade do povo faria desfilar na avenida outra identidade, esta associada à ruptura com regras estabelecidas e aos compromissos de solidariedade que devem pautar as relações entre ricos e pobres no País, a figura de Lula da Silva.
Poucos talvez tenham percebido, mas o sambódromo de São Paulo assistiu no domingo de carnaval ao enfrentamento de diferentes visões de mundo: a baseada no individualismo e na prepotência contra outra fundada na generosidade e na vontade coletiva. Por isso ser impossível à grande mídia manter-se isenta.
Sou funcionária de uma das empresas do Justus e não posso reclamar. Ótimo benefícios, pouco desconto, horário de trabalho justo, o RH é uma mãe, paga bem acima da média de mercado. Acho a figura dele bizarra, mas em relação às empresas, não há o que falar, ele é um patrão justíssimo.
ResponderExcluirÉ estarrecedor uma escola homenagear uma criatura como esse sujeito cheio de BOTOQUE, o que isso representa para a sociedade?
ResponderExcluirA Homenagem ao LULA, foi emocionante!
Regiani Moraes.
Prefiro mil vezes o Lula.
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