Não deve passar despercebida a decisão do ator Fábio Assunção de colocar-se no carnaval como motorista do carro alegórico que representava a condução de Lula à presidência do Brasil.
Consagrado nas novelas da Rede Globo e elevado à condição de galã perante a classe média brasileira, ousou destoar da ideologia dominante no ambiente em que se projetou e vestiu com rara dignidade a fantasia simplória do chofer.
Na avenida, onde muitos enxergaram mistificação e uso político da figura do ex-presidente, Assunção viu a representação da saga de um povo que venceu à exclusão mantida desde o império por uma elite europeizada, e que fêz – por essa razão – substituir no poder fazendeiros e doutores por quem era um igual, o retirante e operário Silva.
Tampouco fez evoluções o conhecido ator. Resignado à nobreza da condição figurada de condutor, bastou-lhe o sorriso tênue de quem questionava com sua atitude os valores daqueles que se sentiam mais aptos e melhores que os da sua gente.
Conduzia em seu carro-fantasia de isopor, leve como os sonhos, duas crianças representando o casal de suburbanos que ocuparam por 8 anos os palácios de Brasília. A fragilidade de seus pequenos corpos na grandeza do carnaval simbolizava o quanto pode haver de venturoso num povo que se levante na peregrinação pela conquista da dignidade.
Entrevistado em curto intervalo de tempo por repórteres da emissora a que prestou serviços, Fábio justificou seu louvável papel no carnaval afirmando que, depois de tudo o que fez e representou nos palcos e na TV, queria sentir-se agora simplesmente brasileiro.
Seu pouco destaque na exuberância do carnaval foi por certo mais que compensado pela lição de amor ao povo e ao País que deu aos que pensam que fama rima apenas com dinheiro. Parabéns Fábio, pelo desprendimento de ser um simples brasileiro!
Drogado de merda.
ResponderExcluirEu também me surpreendi com a participação do Fábio Assunção como cidadão, confesso que ele subiu no meu conceito.
ResponderExcluirDepois de ter perdido o rumo de sua vida, eis que ele consegue dar a volta por cima com simplicidade. Valeu, Fábio!
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Ótima interpretação de um fato singelo e quase despercebido.