Com o aprofundamento da conjuntura de crise começam a ganhar contornos mais definidos as posições dos diferentes agentes econômicos e também mais nítidas as vozes que as veiculam. De um lado, como sempre tem sido, estão os bancos e as instituições financeiras que precisam ganhar dinheiro girando recursos de nacionais e de estrangeiros em aplicações financeiras.
Daí a resistência cada vez mais evidente desses tanto à queda nas taxas de juros quanto à depreciação do real frente o dólar. Com os juros altos captam mais recursos e remuneram-se melhor com os diferenciais entre o que pagam ao aplicador e o que recebem por seus empréstimos (o chamado spread bancário); com o real valorizado faturam com as comissões recebidas das revalorizações de moeda estrangeira que entra e sai do país por causa de polpudos rendimentos financeiros.
O Governo, como fazia Django nos antigos faroestes italianos e com legitimidade de quem enfrenta uma agressão externa, sacou de dois colts ao mesmo tempo e disparou certeiramente contra os juros e contra o câmbio. Ao primeiro abateu com calibre 0.5 e reduziu a 12 % a taxa dejuros de referência vigente no país (a Selic).
Ao segundo fustigou, com projéteis de fragmentação de IOF a 30%, as margens que vinham auferindo especuladores no mercado futuro de câmbio. Surpreendidos, bancos e agentes financeiros falharam no revide, arrastando-se ao abrigo de alguns conhecidos meios de comunicação.
Ao segundo fustigou, com projéteis de fragmentação de IOF a 30%, as margens que vinham auferindo especuladores no mercado futuro de câmbio. Surpreendidos, bancos e agentes financeiros falharam no revide, arrastando-se ao abrigo de alguns conhecidos meios de comunicação.
Enquanto isso, no plano político Dilma, toma a iniciativa e passa por xerife poderosa com direito a capa na revista NewsWeek feita só para americanos (acontecimento único nos Estados Unidos em se tratando de dirigentes estrangeiros) e proferindo discurso histórico como primeira mulher a falar no “saloon” da Conferência Geral da ONU. Não sem antes mandar retirar de seu posto mais um de seus colaboradores acusados por uma imprensa livre de malversação de fundos públicos e mandar proteger o mercado interno da sanha de destruição de empregos nacionais por exportadores asiáticos.
Dois lances casados e perfeitos. Pelo primeiro, o das medidas econômicas, Dilma rearticula-se com os setores produtivos da nação, trabalhadores e empresários, reforçando o arsenal para fazer aprovar no Congresso as medidas que opaís precisa para de início defender-se e depois atacar no front internacional.
Pelo segundo, o das iniciativas políticas, Dilma silencia uma oposição que já tinha pouco a dizer constrangida que estava com a desmoralização das medidas liberais de abertura aos capitais internacionais que sempre sustentou e com a perda de liderança sobre um movimento de moralização da administração pública que, por lideranças na sociedade civil, prescindiu de sua intermediação.
Desse modo ficam provisoriamente imobilizados os movimentos dos banqueiros nessa guerra de conquista, e roucos os clarins de seus lugares-tenentes na política, os quais, na contramão da história, esbravejam contra a ação de um Estado que interfira em favor dos interesses nacionais. Para quem depende da renda do trabalho a sensação é de alívio. A nação pode prosseguir alguns passos rumo ao seu destino de um desenvolvimento mais igualitário.
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