quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Maior jornal chinês desfaz alarido de economistas de oposição quanto aumento do IPI para carros importados



Deu no Estadão. Ao contrário do que vem bradando economistas da oposição e comentaristas da rede Globo de televisão, o categorizado porta-voz dos interesses empresariais chineses, o Daily China, em matéria intitulada “empresas são obrigadas a produzir fora” afirma que a elevação do IPI no Brasil obrigará as empresas daquele país a transferir fábricas para o Brasil.
Os chineses, campeões em defender sua própria indústria sabem que no contexto de crise são inevitáveis medidas de proteção e não pensam em dispensar as oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro. É o que diz o representante do escritório de investimentos do governo chinês. A íntegra da matéria abaixo



Elevação do IPI pode estimular investimentos de montadoras chinesas no País


A elevação do IPI para importação de veículos deverá estimular os investimentos de montadoras chinesas no Brasil, segundo avaliação de Wang Zhile, diretor do centro de pesquisas para corporações transnacionais, ligado ao Ministério do Comércio. "O potencial de mercado e o sucesso das exportações chinesas para o Brasil criaram uma oportunidade madura para os atores domésticos produzirem carros lá", disse Wang ao jornal oficial China Daily.

As declarações contrastam com as críticas à medida realizadas por representantes da indústria, para os quais a elevação do IPI inviabilizará os planos de investimentos das montadoras. O vice-secretário-geral da Associação de Carros de Passageiros da China, Cui Dongshu, criticou o índice de nacionalização de 65% e disse que o percentual de conteúdo local deveria ser elevado de maneira gradativa.
"Eles não deveriam adotar uma medida tão radical. Isso é um problema sério e os fabricantes chineses vão pensar antes de dar o próximo passo", disse Cui ao Estado.
Apesar da insatisfação com a medida, o representante dos fabricantes não acredita que seus associados questionarão a elevação do IPI. "Nós chineses não gostamos de briga nesse tipo de questão. Nós queremos resolver os problemas na prática." Na avaliação de Cui, a rapidez com que a decisão foi adotada coloca em xeque a credibilidade do governo brasileiro. "Se eles decidirem aumentar o percentual para 80%, o que nós vamos fazer?", perguntou.
Cui também criticou o momento em que a medida foi imposta, em meio à retração dos mercados desenvolvidos em razão da crise na Europa e Estados Unidos. "A economia global está passando por uma turbulência e nós deveríamos nos ajudar mutuamente. Qualquer medida protecionista não afeta só o país envolvido, mas todo o mundo." O tom da reportagem publicada no China Daily é menos crítico em relação à elevação do IPI. Sob o título "Fabricantes de carros chineses forçados a produzir no exterior", o texto sustenta que as medidas vão levar as montadoras a acelerarem suas decisões de estabelecer presença local com o objetivo de ganhar uma "base estável de operações no quinto maior mercado automobilístico do mundo".
O pesquisador do Ministério do Comércio classificou a medida como uma "política de industrialização por substituição de importações" e disse que ela é uma aposta para atrair investimento e tecnologia estrangeiros e encorajar joint ventures com montadoras chinesas.
O jornal oficial reproduziu declarações de Cui divergentes das dadas ao Estado. "A nova política tributária vai empurrar as montadoras chinesas a acelerarem o processo de estabelecimento de unidades de produção no Brasil, com o objetivo de evitar taxas mais elevadas", disse o representante da indústria ao China Daily.
Segundo ele, o mercado brasileiro é fundamental para o setor automobilístico chinês. "É difícil encontrar outro mercado como a América Latina", observou.
O maior exportador de carros chineses para o Brasil é a Chery, que investe US$ 400 milhões na construção de uma fábrica no país. A planta estará pronta em 2013 e terá capacidade de produzir 50 mil veículos por ano, que deverá subir gradativamente para 150 mil.C


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