quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Prefeitura de São Paulo: Meirelles Vice de Haddad



Há diferentes definições de política. A arte do possível, o modo de mobilizar meios e reunir consensos para alcançar objetivos e outras tantas que a vida prática obrigou gente dada a idéias desenvolver.
Quaisquer que sejam as definições, no entanto, sempre se considerou que fosse coisa para pessoas sensatas, pois implicaria sempre na capacidade de compreender a realidade, as próprias insuficiências e os prós e contras implicados nas decisões a serem tomadas.
Aristóteles mesmo achava que deveria ser vedado aos jovens ocuparem-se da política, por entender que o ímpeto juvenil era incompatível com a serenidade de espírito exigida ao discernimento do que seria melhor numa perspectiva de mais longo prazo para a polis.
De qualquer modo o campo da política sempre foi o da controvérsia, pelo fato de envolver a necessidade de ter que optar-se por caminhos alternativos e não raro excludentes. Daí ser da sua própria natureza a dissensão e a polêmica.
Essa digressão foi necessária para preparar o espírito dos partidários da candidatura de Fernando Haddad à prefeitura da cidade de São Paulo no ano que vem para a discussão sobre uma decisão de campanha inusitada: compor com o prefeito que deixa o cargo, Gilberto Kassab, chapa para as eleições de 2012 tendo o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como vice.
Por mais surpreendente que possa parecer a idéia, ela soa natural e até desejável diante do propósito de vencer as eleições e preparar uma candidatura forte para o governo do Estado em 2014.
Meirelles abriu mão de uma carreira tranquila como deputado e recusou um alinhamento partidário mais condizente com sua condição de homem ligado ao meio financeiro, para perfilar ao lado de Lula emprestando ao presidente credibilidade que naquele momento não desfrutava junto a determinados setores da sociedade.
Mais que isso: como co-responsável por um dos períodos mais virtuosos da economia brasileira, não haveria porque falar-se de inclusão social e de outras marcas meritórias do governo Lula sem o sucesso que obteve à frente do Banco Central, tendo em vista o efeito devastador que um eventual retorno da inflação teria sobre quaisquer políticas de renda no país.
Leal, mostrou-se também homem de governo ao não rebelar-se contra sua exclusão do centro de decisão econômica, aceitando com humildade a condição de autoridade para os preparativos da olimpíada e da copa do mundo quando poderia ter merecido ao menos maculado Ministério dos Esportes.
Com Meirelles Fernando Haddad terá um vice que dialogará com setores importantes para viabilizar economicamente os projetos que a cidade precisa para que sua futura gestão diferencie-se de todas que a antecederam. Sim, até a de Marta que deixou grandes questões a resolver.
Quanto a Kassab, ficará no seu canto. Traído que foi pelos seus aliados do PSDB que lançaram contra ele promotores em fúria para afastá-lo de Serra, tudo que espera é poder preparar em paz sua campanha a senador. Enquanto Haddad, tendo Meirelles à retaguarda, bem poderá preparar a sua a governador.

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