sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Preto no Branco



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso valeu-se do comedimento próprio à sua idade avançada quando decidiu, na tarde de do dia 9 de dezembro, cancelar a noite de autógrafos que faria no Shopping mais luxuoso de São Paulo a fim de lançar livro de sua autoria.
O motivo, soube-se logo depois, devia-se ao receio de que fosse obrigado a dividir os holofotes com o lançamento de outro livro nada meritório para sua memória como ex-presidente.
No mesmo dia chegava às livrarias o livro A Privataria Tucana do jornalista Amaury Ribeiro, em que é feito um relato minucioso de que como as privatizações ocorridas sob o governo FHC prestaram-se ao enriquecimento de figuras ligadas aos principais nomes do PSDB, notadamente José Serra e o próprio ex-presidente.
Passagens interessantes são descortinadas à vista do leitor para mostrar o papel de proeminência desempenhado no processo de privatizações pelo chefe mafioso Daniel Dantas e a ligação de família que este manteve com José Serra por meio de sua filha Verônica; e em contraponto à Dantas a ação criminosa do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, que atuava como articulador internamente ao governo.
O livro mostra que os esquemas de arrecadação atuaram em larga escala de modo a aproveitarem-se como enxame de abelhas do desmonte do aparato estatal de empresas públicas. Na área de petróleo atuou o próprio genro de FHC David Zylberstein, na de telecomunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, na área de eletricidade Gregório Preciado (primo de Serra) e na área financeira o mencionado Ricardo Sérgio.
O grupo, beneficiado com o silêncio da mídia repassou a grandes grupos nacionais e estrangeiros um patrimônio de pelo menos 1 trilhão de reais por pífios 90 bilhões. Para viabilizar as operações contaram com poderosos esquemas de espionagem montados pelo ex-delegado da polícia federal Marcelo Itagiba e com empresas de fachada estabelecidas em paraísos fiscais.    
Por meio de escritórios de consultorias, montavam consórcios de empresas para participar de leilões de privatização, que depois arrematavam as estatais subavaliadas por outro grupo de consultorias, estas com ramificações internacionais e vinculadas aos compradores.
A conseqüência foi uma empresa como a Vale do Rio Doce, que explora um patrimônio que é de todos brasileiros e absolutamente finito, as riquezas do subsolo brasileiro, ter sido arrematada por irrisórios 4 bilhões de dólares. Fração do lucro que a empresa gera hoje.
O livro é esclarecedor no sentido de mostrar que quem faz da moralidade hoje um mote para voltar ao poder mal consegue esconder o rabo peludo de diabo.

2 comentários:

  1. Creio que esse livro será a tapioca da feira nesse final de ano. Eu já tentei comprá-lo aqui em Natal-RN, mas as livraris receberam e nem chegaram a colocá-lo na prateleira, então resolvi adquirir pela Internet e findei pagando quasse o preço do livro com o transporte, mas valerá cada tostão, pois pretendo lê-lo antes do Natal(Festa de Natal, claro).

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  2. Luiz parabéns por este texto. Ele resume o tema pivataria tucana, está muito esclarecedor para quem não acompanhou esse assunto desde as eleições.

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