sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A aprovação ao governo Dilma


Causaria perplexidade a qualquer estrangeiro que tendo acompanhado a balbúrdia das denúncias envolvendo demissões de ministros no governo federal viesse tomar conhecimento dos números da pesquisa CNI-IBOPE sobre a aceitação do governo e o prestígio da presidente da República.

Os percentuais são os mais altos já registrados por um presidente eleito em primeiro ano de governo, coisa da ordem de 65% na média entre os dois números. Do fato surgem perguntas inevitáveis que a oposição ao governo instalado em janeiro de 2011 deve estar se fazendo nesse momento.

Teria sido a força emprestada pelo carisma de Lula, quem sabe sua doença? Teriam sido os resultados benfazejos da economia ditados pela sorte? Ou seria a causa de tudo uma maioria situacionista esmagadora no congresso que faria a voz da oposição soar como radinho com pilhas fracas na multidão?

Embora todos os fatores possam ter dado alguma contribuição aos achados da pesquisa, a explicação mais plausível é também a mais prosaica. Incapacidade de fazer oposição pela limitação própria à lógica do pensamento liberal. 

Tendo se encantado com a capacidade ordenadora dos mercados, a socialdemocracia – que tinha tudo para inaugurar um ciclo de poder duradouro no país (os 20 anos de que falou o alter-ego de FHC Sérgio Mota) – deixou  de fazer o que as forças vivas da sociedade dela esperava : apoiar medidas que levassem à superação do níveis inaceitáveis de miséria no Brasil e ao estabelecimento de uma política de desenvolvimento nacional que reposicionasse o País no concerto das grandes nações do mundo.

A todas essas transformações do panorama histórico a socialdemocracia ignorou. Influenciada por gente ligada ao meio financeiro,  seu discurso apequenou-se na desconfiança das políticas de estado, na fé cega nos mercados e na reclamação de haver sido expropriada de seus políticas pelos adversários.

Ignorou a base social de pardos e negros que compõem o substancial da população brasileira, sem se preocupar com o português das ruas. O pouco que fez foi a título de benemerência, sob a coordenação de Ruth Cardoso.

Para impedir o fenômeno Dilma os socialdemocratas sequer defenderam Fernando Henrique nas campanhas eleitorais que sucederam o fim melancólico de seu governo. Tampouco podiam. Intuiam que com sua defesa pouco teriam a dizer à maioria da população brasileira. Descreram do País e da sua gente, agora pagam o preço.

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