quinta-feira, 12 de abril de 2012

Rebola-Bola no caso Cachoeira


Quando Gretchen entrava nos auditórios todos sabiam o que esperar. Quando os “gogo-boys” das TVs e jornalões entram em cena é sempre para esconder com o rebolado a falta do que dizer.

Pegue-se o caso da CPI do Cachoeira, que é o maior esforço de moralização das instituições brasileira desde a CPI do Collor, porque nem ali as instâncias de Estado estavam de tal sorte instrumentalizadas pelo crime organizado como estão agora.

 Muito mais que as instituições de Estado: pois a revista Veja não teve um de seus mais expressivos nomes – Policarpo Junior, chefe de redação em Brasília – pilhado em crime de chantagem contra autoridades públicas, negociando com agentes do tal Cachoeira matérias de capa para suas edições dominicais?

Mesmo num caso de tamanha relevância para o enfrentamento do que pregam todos os dias, os meninos de programa dos jornais Folha de São Paulo e da Rede Globo insistem em desqualificar o assalto do crime organizado contra o Estado brasileiro, representado pelos negócios de Cachoeira, fazendo-o passar por mero barulho criado pelo governo para esconder o que chamam de mensalão.

Sim, o que chamam de mensalão: aquela prática de atendimento a chantagens de congressistas iniciado no governo Fernando Henrique, que lhe garantiu um segundo mandato e que agora corajosamente Dilma Russef vem extirpando das relações entre legislativo e executivo brasileiro.

Não querem que o destemor de Dilma chegue mais longe nem que a maioria parlamentar do PT venha ser instrumento de moralização das instituições públicas. Pretendiam que essa bandeira fosse exclusivamente deles, a fim de aproveitá-las nas eleições como compensação a esterilidade dos governos que integraram no passado recente do País.

Como responder ao fato inconteste de uma nação que se deslocou da 11ª posição das maiores do mundo para a 6º? Como pleitear a volta ao poder se a terça parte dos eleitores foi promovida a cidadãos de primeira classe, quando se dizia que a ignorância governaria o Brasil com o governo de Lula da Silva? Como atenuar o deboche com que foi recebida a pretensão de se fazer pela primeira vez a aviltada mulher brasileira dirigente máxima do País depois dela granjear quase 80% de apoio na sociedade, de acordo com recentes pesquisas de opinião?

Não tinham respostas, por isso foi preciso inventar um diabo, a corrupção, que combinaram ter nascido quando os representantes das classes altas desceram a rampa do Planalto. Com a esconjuração desse demônio pela presidente da República, viram desmontada a máquina de escândalos que lhes permitiu produzir barulho em substituição ao contraditório democrático a que estavam obrigados, como oposicionistas, em favor de todos os brasileiros.

A CPI da Cachoeira põe o rebola-bola em cena porque deixa às claras que a oposição vive de dissimulações, que o seu propagandista da “ficha limpa” integrava uma quadrilha criminosa de jogos e prostituição, que o governo tucano em Goiás é gerido na verdade pelo capo Carlos Cachoeira.

Rebolem então os fariseus da não-política, porque a plateia de 150 milhões de eleitores querem muito mais que o balançar nádegas apertadas em panos. Querem moralidade verdadeira e não de faz de conta.


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