quarta-feira, 25 de abril de 2012

Como no tempo das diligências





A maior prova de falência da segurança pública numa sociedade é quando o banditismo deixa de atacar bancos e carros fortes e passa a atacar pessoas recolhidas a seus lares.
Quando o crime mais corriqueiro, que é o patrimonial, passa a ter como alvo condomínios inteiros e não mais residências isoladas ou indivíduos em lugares ermos, volta-se ao tempo das diligências.

Nos filmes de cowboy que tinham John Wayne como herói, quando uma cidade chegava a ser alvo indiscriminado de bandoleiros era porque a lei e a ordem haviam entrado em colapso e apenas a intervenção de um xerife federal seria capaz de restituir aos cidadãos a paz exigida ao progresso local.

Imaginar que bandos armados possam invadir prédios todos os dias na cidade de São Paulo munidos de arma de grosso calibre sem que as autoridades possam coibi-los evidencia a necessidade de uma intervenção externa que assegure às famílias a segurança mínima que lhes propicie a sensação de que vivam numa sociedade organizada.

A família, exaltada em verso e prosa por políticos conservadores, é ela mesma a parte mais exposta de uma população desassistida pelas políticas de segurança pública. Um assalto a uma agência bancária é prontamente repremida, com alarmes acionados diretamente nas delegacias. A invasão a um condomínio aguarda a disponibilidade para atendimento da guarnição mais próxima.

Afinal os bancos remuneram a polícia com prêmio e outras formas de recompensas legalmente vedadas. O abandonado contribuinte nada mais tem que a cédula de voto para selar seu protesto.

Equipa-se a polícia para tudo, da proteção ao patrimônio de empresas à repressão de indignados cidadãos. Mas não com policiais preparados para atuar no campo da inteligência para prevenir arrastões em residências, mapeando sistematicamente quadrilhas que, aliás, são as mesmas que diante da feroz repressão a agências bancárias migraram agora para a ocupação de prédios e bairros inteiros.

Pouco tempo atrás na avenida Paulista a polícia disparava gás lacrimogêneo contra pessoas que protestavam contra a corrupção. Mas não se vê as autoridades disparando uma ameaça contra a guerra civil que o crime move contra os brasileiros.

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