Devem estar atentos os candidatos de oposição às eleições municipais em São Paulo quanto às alterações operadas no tipo de demanda que lhes dirigirá o eleitor.
Embora permaneçam importantes as propostas para as soluções dos problemas crônicos da cidade – como trânsito, transporte e inundações – não menos importantes se afigurarão as preocupações quanto às garantias de vivências sociais no espaço da metrópole.
Espera-se que a gestão municipal tenha que prover mobilidade urbana a fim de proporcionar não apenas padrões satisfatórios de qualidade de vida como também de manutenção do trabalho aos moradores da cidade, já que atrasos frequentes ao serviço podem vir a oferecer restrição ao emprego. Não menos presumível, no dia a dia do munícipe, é que a vida e o patrimônio devam ser resguardadas contra eventos climáticas severos, de todo antecipáveis.
São questões que parecem já precificadas – como diriam os economistas – para os habitantes da cidade. E a essas expectativas estão obrigados a responder, em primeiro lugar, os governantes em exercício que foram eleitos para dar-lhes atendimento. No caso de São Paulo, o duo Serra e Kassab.
Há, contudo, outra ordem de problemas que afeta os cidadãos numa dimensão mais sutil, porém não menos verdadeira. Dizem respeito às condições de que dispõem para o desfrute da cidade em atividades cotidianas como ir aos parques públicos em segurança, estacionar seus veículos sem riscos nas ruas e não ver incidir sobre os serviços de bem-estar proporcionado pelo município taxas e custos que não sejam aqueles ordinariamente fixados pela constituição.
Antes limitados à classe média mais tradicional, moradora dos bairros nobres da cidade, esses anseios, a que se pode chamar de vivenciais, espalharam-se para as demais camadas da população por causa da expressiva mudança verificada na estrutura de classes da sociedade brasileira, desde a última década.
Para satisfazê-las no aspecto da segurança o postulante ao cargo de prefeito conta com a guarda metropolitana, que deveria ter assegurada - nas propostas de governo - a duplicação de seu efetivo a fim de dar garantias ao morador da cidade de que poderá frequentar, com tranquilidade, os espaços públicos de interesse especial da comunidade, como parques e centros de comércio ao ar livre.
Garantir-lhes também que serão realizadas com regularidade rondas civis noturnas junto a equipamentos públicos, de modo que não sofram depredações ou se transformem em pontos de concentração de marginais.
Mais de que em qualquer outro tempo viver na cidade tornou-se algo caro, em razão de taxas que oneram o desfrute de bens privados como o automóvel. Nesse sentido fez bem o candidato Haddad em haver anunciado que, se eleito, extinguirá a taxa de inspeção veicular.
Entretanto, deverá ir além nas promessas e dizer que acabará também com as taxas de estacionamento nas ruas, por meio das chamadas zonas azuis, que cobram aos contribuintes serviços de empresa privada sem as garantia devidas e sem a posse efetiva das áreas, que são públicas e, portanto, dos próprios cidadãos.
Se quiser vencer as eleições o ex-ministro Haddad, ou qualquer outro que pretenda derrotar a aliança de direita que se desenha em São Paulo, não deverá renunciar - senão que aprofundar - uma agenda de propostas conservadoras que contemple, sem hesitação, os anseios da nova classe média paulistana.
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