Deu em nada a intervenção policial para dissolver a concentração de usuários de drogas existente na área do centro paulistano conhecida por Cracolândia.
Ou melhor, deu no pior dos cenários possíveis, que foi o do deslocamento e do reforço de grupos numerosos de consumidores para as regiões mais próximas aos bairros nobres da Avenida Paulista.
As ruas antes dominadas por cinemas e bares tradicionais agora são foco da mesma concentração de jovens das mais diferentes classes sociais que se aglomeram para formar espécies de cordões de isolamento, em cujo centro é praticado livremente o consumo de drogas.
Violência contra moradores, conflito de grupos rivais e destruição de patrimônio tornaram-se rotina nas ruas Frei Caneca, Augusta e Bela Cintra. É claro que os órgãos de segurança conhecem o fenômeno, dado o elevado número de ocorrências policiais registradas. Apenas não o tomam pelo que de fato é, uma nova Cracolândia, pelo simples fato de que estariam assumindo com isso a existência de uma situação social fora de controle.
O interessante a ser notado nesses novos centros do comércio e consumo de drogas é o perfil do público. Diferentemente dos tipos marginalizados que se via na zona central, o frequentador dos novos pontos é de classe média e assume estereótipos sociais bastante comuns como o do “skatista”, do “rapper” e outros assim.
Ao final de cada noite de tumultos as ruas amanhecem forradas de invólucros feitos de plástico transparente, que se prestam à distribuição de drogas. A polícia, chamada por moradores a intervir, assiste a tudo impassível.
Aos poucos, no entanto, os moradores começam a mudar-se para outros locais, temerosos dos riscos apresentados à segurança pelo lugar. E mais uma mancha de degradação urbana toma o espaço do que era antes um tradicional bairro da capital paulista.
Dificilmente o tema virá à tona na campanha eleitoral que principia pela boca do candidato governista, representante de forças políticas que permitiram que a questão das drogas tomasse na cidade a proporção de fator de indução à desurbanização.
O tema é de grande interesse para a classe média tradicional, porque diz respeito à afetação de bairros que há pouco tempo foram referenciais para a vida da cidade. Sua discussão e a proposta de soluções apenas poderão ser suscitadas pelos candidatos de oposição. Esperamos que o façam.
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