Os liberais brasileiros que tanta estima demonstram pela propriedade privada, quando no poder nada mais fazem do que tirar proveito dela para encher os cofres públicos e remunerar seus consorciados do setor privado.
Esse é o caso do PSDB e sua sanha de onerar o uso do automóvel por meio daquilo que ficou conhecido como a indústria das multas.
A novidade agora é controlar a velocidade de veículos nas estradas, já pesadamente tarifadas do Estado de São Paulo, com os mesmo recursos utilizados pelas concessionárias de estradas para arrecadar numerário: os chips eletrônicos e os pontos de captura de informações sobre velocidade em cada uma das praças de pedágio.
Argumentam os furibundos coletores de receitas para-fiscais do Estado que a medida virá no sentido de proporcionar maior segurança ao usuário e reduzir o número de acidentes nas estradas, alegando sua adoção em algumas cidades europeias.
Nada mais falacioso. A incidência de acidentes nas estradas não está relacionada apenas à velocidade do veículo, mas também a um conjunto de condições desfavoráveis ao tráfego. A maioria delas fora do alcance dos motoristas e de inteira responsabilidade do ente estatal que construiu a via ou de seu operador, a empresa privada detentora da concessão.
É comum nas estradas paulistas o usuário deparar-se com gradientes de pistas mal concebidos, rampas com declives excessivos e ausência de vias de escape para emergências. Para não ir muito longe, o exemplo mais notório é o do trecho sul do rodoanel metropolitano de São Paulo,há pouco inaugurado.
Nessa via considerada de última geração, destinada principalmente a veículos de carga, curvas fechadas demais se mostram incompatíveis com a velocidade possível de ser desenvolvida nas pistas que lhe dão acesso; descidas excessivamente íngremes forçam frenagens em fundos de aterros destituídos de rotas escape; e a falta de sinalização e iluminação são uma constante.
A comparação com as estradas na Europa soam, nesse sentido, pura galhofa. As impecáveis auto-bhans que ligam as principais cidades do velho mundo são estradas bem planejadas e bem assistidas por serviços complementares, onde é possível desenvolver com segurança velocidades superiores a 150 Km/h sem que passe pela cabeça de ninguém ir além do limite estipulado.
A macaquice encenada pelas autoridades rodoviárias estaduais incorre, também, numa impropriedade matemática. Como o cálculo para imputação da multa é baseado na velocidade média desenvolvida pelo veículo, nada impede que o motorista busque ganhar tempo em determinado trecho, praticando uma velocidade acima do permitido, para depois poder compensá-lo num restaurante de estrada a meio caminho.
Outro aspecto que deve ser levado em conta na nova prática diz respeito ao fato de que para viabilizá-la as concessionárias de rodovias deverão investir em equipamentos e remunerarem-se dessa despesa de capital com parcelas das multas impostas aos motoristas, o que oferece questionável fonte extraordinária de receitas.
Melhor sopesados os argumetos brandidos pelos representantes do Estado, tudo indica que a ideia que se busca vender aos contribuintes do imposto sobre veículos automotores com ares de zelo administrativo, não passa de estratagema para aumentar o faturamento desses comensais corporativos do governo e sua cada vez mais evidente cunha para-fiscal.
Tudo isso ao preço de uma ilegalidade, pois o código nacional de trânsito não contempla a possibilidade de aplicação de multas com base em inferências matemáticas. De liberais assim o inferno está cheio.
Acredito que será um enorme tiro no pé. Basta pegar uma Rod Castelo Branco e é muito facil ver carrões das classes A e B, facilmente passando de 120km/h. São estes mesmos, eleitores do PSDB em SP.
ResponderExcluirBem observado, Marco. Os questionamentos acima são os mesmos que fazem a classe média alta, que adora testar seus possantes nas sempre alardeadas excelentes rodovias paulistas.
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