Quem diria que José Serra se tornaria um dia problema maior para seus correligionários que para os adversários que tentou vencer em 2010? Isso que sugerem as manobras, já quase transformadas em ações desesperadas, do governador de São Paulo e do presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, para que o ex-governador desista da disputa pela indicação do partido à presidência da república.
Justificam os estímulos que dirigem a Serra para que abdique da disputa presidencial em favor da municipal em São Paulo como parte de uma estratégia concertada nacionalmente para garantir ao mineiro Aécio Neves a condição de candidato consensual, no que são deliberadamente repercutidos pelos analistas que dão curso às interpretações oficiais sobre o jogo interno partidário, como Josias e "tutti quanti".
Mas trata-se de um despiste. O que temem de verdade Alkimin e o FHC é que Serra produza todo o estrago com que acena para a candidatura de Aécio lançando-se ao governo de São Paulo novamente por uma outra agramiação, no caso o PPS, que já lhe ofereceu legenda .
Nessa hipótese estariam desgraçados não só Aécio, a quem Serra quer ver no patíbulo da história por haver exposto com as investigações de Privataria Tucana sua princesa Verônica, como também o próprio Alkimin, envolvido até os dentes em atos de traição ao antecessor. Também FHC perderia seu posto de gerontocrata paulista, de onde fala ao Brasil, por haver tripudiado sobre chagas do colega.
No ocaso da carreira, o plano talvez surja a Serra como uma forma de manter sua turma a tona, com um PSDB que venha a perder uma letrinha mas apto a proporcionar-lhe, à frente do Banderirantes, um importante lugar de eleitor de Eduardo de Campos e reunindo, num arco de alianças pós-Dilma, toda a sucata do que foi um dia a oposicão brasileira.
Fernando Henrique mesmo deu a dica de parte desse possível roteiro, quando admitiu que o ninho poderia ir de PSB em 2018. E aí a teimosia de Serra passaria fazer todo o sentido, encerrando a tentativa dos capatazes de Pinheirinho de estenderem a vida útil de um partido que precisa, como um artrópode em luta pela sobrevivência, largar o rabo para poder escapar à própria morte.
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