domingo, 22 de janeiro de 2012

O uso político do ENEM




A suspensão  de uma das duas versões previstas para o ENEM (exame nacional do ensino médio) deste ano foi a saída que restou para que Fernando Haddad  não viesse ser encurralado pelos concorrentes na disputa eleitoral que travará em  São Paulo.

Mantido o exame, repetir-se-ia o mesmo padrão de incidentes verificados em outras provas em que um grupo de alunos, um funcionário de gráfica, um elaborador de testes ou qualquer uma dentre as quase 5.000 pessoas envolvidas na preparação da avaliação pudesse dar ensejo a ocorrências que, marteladas na mídia `a exaustão, produziriam efeitos eleitorais indesejados ao candidato.

Por abranger mais de 6 milhões de estudantes e realizar-se em todo território nacional, o ENEM é um feito em si mesmo, não se assemelhando a qualquer outro evento com que possa ser comparado.

Os maiores vestibulares do país, além de serem locais, não ultrapassam os 150 mil inscritos . O percurso percorrido para que transcorram hoje sem incidentes decorreu de longo aprendizado de procedimentos que o ENEM mal começa trilhar.

Em fase de consolidação como forma principal de acesso `as universidades de todo o país, o exame representa um marco na educação brasileira por permitir aferir o desempenho do sistema educacional de segundo grau uniformemente em todo o território brasileiro. Possibilita detectar deficiências e identificar instituições de ensino, localidades e segmentos do estudantado cujo desempenho escape a um resultado esperado médio.

O ENEM - idealizado pelo falecido ministro Paulo Renato Souza -  possui contudo inimigos poderosos não apenas entre os que desejam ver malograda a candidatura do responsável pela sua realização, o ministro Haddad, a frente da maior cidade do Brasil.

Para muitas corporações de ensino – não necessariamente instituições – constitui incômodo a existência de um controle externo da qualidade dos serviços que oferecem `a população, porque possibilita `as autoridades, aos educadores e até ao mercado avaliarem a real contribuição que possam dar a objetivo de formar os jovens e garantir o ingresso numa boa universidade.

Para além do uso político que candidatos possam fazer do ENEM, está o fato de que talvez o país não precise mais de duas versões do exame. A avaliação já assegurada de um estoque ponderável de estudantes ,formados em cursos de formação de adultos nas versões até aqui realizadas, permite que com tranquilidade, doravante, possam ser avaliados as turmas formadas regularmente ao fim de cada ano letivo.

Com isso poderá o ministro ser avaliado também ele pelas contribuições que deu ao país. E não pelos percalços dos desafios que sua iniciativa ousou enfrentar.




2 comentários:

  1. Luiz, concordo contigo em quase tudo, mas existe uma 'inverdade' histórica nisto tudo: o ENEM foi criado na gestão do falecido ministro Paulo Renato Souza. Mérito do Haddad foi dar ao ENEM a dimensão que tem hoje.

    Aproveito para pedir autorização de reproduzir este texto em meu Blog (ldeassis.blogspot.com), pois ENEM é um assunto que muito me interessa.

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  2. Agradeço o alerta, com base no que corrigirei o texto ,e o lisonjeio de sua publicação. Abraços.

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