quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ingerência Estatal na Vida do Pobre Pode!


Vai ser difícil explicar para o eleitor de baixa renda, que se orgulha da moto comprada em penosas prestações, que transportar alguém na garupa de seu veículo faz dele um bandido. Que a namorada ou o amigo não pode ser transportado nos dias de semana porque o compartilhamento do transporte faz dessas pessoas gente suspeita.
Essa é a mensagem que transmite a nova lei aprovada por deputados de São Paulo que proíbe durante a semana o uso simultâneo por duas pessoas da mesma motocicleta. Porque se outro fosse  o significado da lei, como pretenderam os legisladores, deveriam ser alcançados pela medida também os carros de passageiros ou qualquer outro meio de transporte de que se valem duplas de assaltantes para cometer crimes.
A iniciativa legal lembra aquela piada que diz que incomodado com as constantes traições da esposa no sofá do casal o marido resolve vender o móvel. Há sim na inusitada lei a demonstração de um misto de preconceito e de incapacidade para resolver as coisas ao modo certo, provendo a segurança de que motociclistas, motoristas e pedestres esperam seja provida pelo Estado em defesa da liberdade constitucional de ir e vir.
Mas eis que são os campeões da liberdade, aqueles que acusam na esfera econômica qualquer um que queira estabelecer freios à sanha de acumulação privada na oferta de bens e serviços públicos, que dão o passo autoritário de impor aos cidadãos a “manu militari” a forma como devem deslocar-se, ou mais, restringindo o direito de uso de bem privado.
A medida é inconstitucional e deverá  barrada na corte federal, mas constitui clara evidência do quanto o discurso liberal do direito de dispor dos próprios bens vale apenas para determinadas classes da sociedade. É indício também de falta de sensibilidade política, que deverá cobrar seu preço nas urnas.  

5 comentários:

  1. Qual o modo certo de resolução?...gostaria de saber!.

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  2. Façamos então uma petição proibindo esta politicalha de fazer leis. Chumbo trocado não doi...
    Arthur Mello

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  3. qual a solução? quem sabe uma polícia que pode dar conta dos assaltos e infrações da cidade? ou quem sabe uma própria cidade que não obrigue classe mais baixas a serem ladrões, mas ai nos aprofundamos muito e a solução é lenta, e isso não ganha voto, logo não acontece.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Essa lei é muito semelhante àquela que proíbe o uso de celular dentro de agência bancária: por que bandido usa o aparelho para roubar, eu, cidadã honesta e trabalhadora, serei proibida de usá-lo também? A que nível de proibições chegaremos em nome de uma falsa segurança? Porque o bandido não vai deixar de levar seu carona na garupa para roubar, ou vai? Não é proibido o tráfico de drogas? O traficante não sabe disso? O articulista tem total razão em sua crítica aos legisladores.

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