Nada mais revelador da debilidade das oposições no atual
quadro político brasileiro do que a proposta que faz o funcionário e deputado de encomenda
por São Paulo, Roberto Freire, de reeditar a antiga política de frente ampla.
A frente ampla foi uma modalidade de alianças entre partidos
de diferentes doutrinas cujo objetivo era dar enfrentamento aos regimes
ditatoriais que se instalaram na Europa Ocidental com a ascensão do fascismo e
suas variantes.
Na América latina cumpriu o importante papel de juntar o
conjunto dos partidos políticos de orientação democrática no combate às
ditaduras militares do continente, no período da guerra fria
entre Estados Unidos e a extinta União Soviética.
O PMDB, quando ainda denominava-se MDB, movimento
democrático brasileiro, foi uma aliança desse tipo. Juntou desde
conservadores de carteirinha como Tancredo Neves – ex primeiro ministro do
movimento golpista que pretendeu substituir o vice-presidente eleito João
Goulart – até militantes do clandestino partido comunista brasileiro.
A derrota do fascismo na Europa e o fim de regimes militares
na América latina foi também o fim da razão de ser da política de frente ampla.
No Brasil, o florescimento da democracia tornou obsoleta a ideia de supressão
das diferenças de pensamento na sociedade em
favor do combate a um mal maior, a ditadura.
E não poderia ser diferente. As instituições democráticas
para progredirem e se consolidarem precisam do embate de ideias e da
seleção, por meio do voto, daquelas que mais atendam os interesses da maioria.
Quanto mais se diversifica a sociedade, com novos segmentos de classe e grupos
de interesse, mais clamorosa e necessária é a explicitação das diferenças.
Se assim é, se a união de todos contra um só é viável quando
os pressupostos da democracia estão em risco ou foram suprimidos, então a que serve a proposta
sustentada pelo deputado egresso do antigo partido comunista, Freire, de que se
instaure uma frente política contra a candidatura de Dilma Russef nas eleições
presidencial de 2014 no Brasil?
Serve antes à candidatura de Eduardo Campos, que tem em
Freire e no senador Jarbas Vasconcellos, ambos de Pernambuco, seus principais
articuladores junto ao PSDB e ao PMDB, respectivamente. Trata-se, não mais
não menos, de tentativa de colocar em pé de igualdade as candidaturas
de Aécio Neves e de Eduardo Campos a custa do esvaziamento preliminar da
primeira.
Não é difícil divisar
o dedo de José Serra na manobra, mortal ao seu contendor nas hostes tucanas. Mas não apenas a ele. Às oposições em seu conjunto também, pois quem
tem muitos candidatos, diz o adágio, não tem um sequer.
O fato é que foi a candidatura de Eduardo Campos que
provocou esse reboliço todo no campo oposicionista. Aos poucos a dissensão
aberta por Campos vai mostrando o que bem poderia ser interpretado como uma
manobra de Lula para asfixiar a candidatura tucana. Provavelmente não é. Mas constitui amostra contundente de que a polarização PT-PSDB caminha para a superação pela via do apagamento do polo tucano.
Um desdobramento
estimulante para os que pregam a defesa dos interesses nacionais e a diminuição
contínua das desigualdades sociais no País.
O pior é que, quando não existe oposição, a situação tende a se acomodar, num momento em que precisamos renovar a classe política brasileira.
ResponderExcluirRudinei Guimarães
mbaprojetorudi.blogspot.com.br
De fato uma oposição fraca, além de só pensar naquilo (o golpe)pode provocar uma acomodação.
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