terça-feira, 12 de março de 2013

Freire, um aliado "mui amigo"


Nada mais revelador da debilidade das oposições no atual quadro político brasileiro do que a proposta que faz o funcionário e deputado de encomenda por São Paulo, Roberto Freire, de reeditar a antiga política de frente ampla.

A frente ampla foi uma modalidade de alianças entre partidos de diferentes doutrinas cujo objetivo era dar enfrentamento aos regimes ditatoriais que se instalaram na Europa Ocidental com a ascensão do fascismo e suas variantes.
Na América latina cumpriu o importante papel de juntar o conjunto dos partidos políticos de orientação democrática no combate às ditaduras militares do continente, no período da guerra fria entre Estados Unidos e a extinta União Soviética.

O PMDB, quando ainda denominava-se MDB, movimento democrático brasileiro, foi uma aliança desse tipo. Juntou desde conservadores de carteirinha como Tancredo Neves – ex primeiro ministro do movimento golpista que pretendeu substituir o vice-presidente eleito João Goulart – até militantes do clandestino partido comunista brasileiro.

A derrota do fascismo na Europa e o fim de regimes militares na América latina foi também o fim da razão de ser da política de frente ampla. No Brasil, o florescimento da democracia tornou obsoleta a ideia de supressão das diferenças de pensamento na sociedade em favor do combate a um mal maior, a ditadura.

E não poderia ser diferente. As instituições democráticas para progredirem e se consolidarem precisam do embate de ideias e da seleção, por meio do voto, daquelas que mais atendam os interesses da maioria. Quanto mais se diversifica a sociedade, com novos segmentos de classe e grupos de interesse, mais clamorosa e necessária é a explicitação das diferenças.

Se assim é, se a união de todos contra um só é viável quando os pressupostos da democracia estão em risco ou foram suprimidos, então a que serve a proposta sustentada pelo deputado egresso do antigo partido comunista, Freire, de que se instaure uma frente política contra a candidatura de Dilma Russef nas eleições presidencial de 2014 no Brasil?

Serve antes à candidatura de Eduardo Campos, que tem em Freire e no senador Jarbas Vasconcellos, ambos de Pernambuco, seus principais articuladores junto ao PSDB e ao PMDB, respectivamente. Trata-se, não mais não menos, de tentativa de colocar em pé de igualdade as candidaturas de Aécio Neves e de Eduardo Campos a custa do esvaziamento preliminar da primeira.

Não é difícil divisar o dedo de José Serra na manobra, mortal ao seu contendor nas hostes tucanas. Mas não apenas a ele. Às oposições em seu conjunto também, pois quem tem muitos candidatos, diz o adágio, não tem um sequer.

O fato é que foi a candidatura de Eduardo Campos que provocou esse reboliço todo no campo oposicionista. Aos poucos a dissensão aberta por Campos vai mostrando o que bem poderia ser interpretado como uma manobra de Lula para asfixiar a candidatura tucana. Provavelmente não é. Mas constitui amostra contundente de que a polarização PT-PSDB caminha para a superação pela via do apagamento do polo tucano.

 Um desdobramento estimulante para os que pregam a defesa dos interesses nacionais e a diminuição contínua das desigualdades sociais no País.

2 comentários:

  1. O pior é que, quando não existe oposição, a situação tende a se acomodar, num momento em que precisamos renovar a classe política brasileira.
    Rudinei Guimarães
    mbaprojetorudi.blogspot.com.br

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    1. De fato uma oposição fraca, além de só pensar naquilo (o golpe)pode provocar uma acomodação.

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