Entre a perplexidade e a dúvida o mundo recebe a notícia de
que o chefe da igreja católica é um latino americano. A notícia não é boa.
Ângela Merkel que o diga. Desde que Joseph Ratzinger, o papa renunciante, assumiu
a Santa Sé a ingerência do episcopado germânico só fez por crescer na Alemanha,
refreando não apenas avanços nos costumes da altamente desenvolvida sociedade alemã,
como também bloqueando o reconhecimento público de nação agressora que caberia
aos alemães fazerem para apagar as feridas da segunda guerra, e com isso voltar a ter
peso na segurança da Europa às voltas com um norte da África cada vez mais
hostil. O apreço de Ratzinger por Adolph Hitler foi o motivo de fundo.
A escolha do papa Argentino tem mais a ver com as preocupações
da Igreja com o desgarramento da América Latina dos dogmas eclesiásticos desde
que os principais partidos com que contava para influenciar a vida laica foram
um a um desaparecendo com o avanço dos movimentos de afirmação social e o
fortalecimento das organizações políticas independentes de caráter popular.
Com a repressão comandada por Ratzinger, à frente da
Congregação para a Doutrina e a Fé, aos propositores da chamada Teologia da Libertação e ao
envolvimento do baixo clero (na verdadeira acepção da palavra) com os movimentos
de resistência às ditaduras do continente, o que era conhecido como democracia-cristã
praticamente deixou de existir, dando lugar a partidos trabalhistas de compromisso
transformador, pouco permeáveis aos valores da Igreja
As diferentes denominações evangélicas apenas ocuparam o
vazio deixado pelo catolicismo, que, ausente das lutas populares, abriu caminho ao
ativismo político protestante. A ponto de qualquer governo não poder ignorar,
num dos maiores países católicos do continente – o Brasil – a presença de
partidos e bandeiras evangélicas nas articulações visando disputas eleitorais.
Embora declinante, a força da Igreja ainda é grande no mundo
contemporâneo, sobretudo nas Instituições seculares voltadas à educação e à assistência
social nas grandes regiões metropolitanas, e a presença de um papa da região se
fará sentir nos grandes temas ligados aos costumes e ao autonomismo das políticas de erradicação da pobreza.
A escolha de um papa argentino mostra ainda que a Igreja
fez uma opção por cuidar de seu rebanho ao sul do equador, o que ignifica o apoio
mais aberto do episcopado a representantes laicos que militem em partidos conservadores, em que questões relacionadas ao avanço da emancipação feminina e à afirmação de
minorais são interpretadas de modo mais restrito.
Não há como iludir-se, a relevância de temas morais na política
sul-amarica só fará recrudescer daqui pra frente.
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