Houve um dia em que a milenar sabedoria chinesa foi aplicada
à arte da guerra e o resultado foi um conjunto de recomendações para a vitória
sobre o inimigo no campo de batalhas inspirada na interação das energias opostas
e complementares que permeiam todos os acontecimentos sobre a terra.
Quem compilou esses ensinamentos foi Sun Tzu, ainda no tempo
dos “reinos combatentes” que dividiam em guerras fratricidas os reinos da China
durante o século quinto antes de cristo e ainda antes que fosse conquistada a unificação
no século segundo a.c. durante a dinastia Hu.
Transformada em obra de referência de doutrina militar no
século segundo anterior ao primeiro milênio, os escritos de Sun Tzu inspiraram Maquiável
na redação de texto homônimo que abordava as premissas assentadas no taoísmo do
texto chinês do ponto de vista do pensamento renascentista de contestação à
moral cristã do fim da idade média.
Vem daí talvez a associação dos meios propugnados por
Maquiável com o que se convencionou chamar de “falta de moral” e de suas
recomendações para a condução da guerra com algo não afeito ao requisito de pureza
que deve guardar os fins ultimados pelas batalhas.
Pois com Sun Tzu não era assim. Sua visão da guerra não
distinguia entre os meios e os fins porque sua visão da existência humana não
se apoiava na visão dualística de Sócrates que distinguia entre o representacional
e o real – o que quer que isso pudesse significar – na vida do homem.
Para Sun Tzu a condução da guerra era governada por 5 princípios
e o primeiro deles era o caminho, ou o Tao. Exatamente o campo das
representações morais e dos valores que guiavam a aceitação pelos povos dos atos de guerra. Nada que
estivesse em desacordo com a sensibilidade do homem comum teria chances de vingar
enquanto movimento bélico nos campos de batalha.
Guardavam relação com o Tao – a que estavam submetidos povos,
guerreiros e generais – outros 4 princípios exteriores à sensibilidade humana a que deveria dar observância o chefe em
armas. Eram eles o clima, o terreno, o comando e a disciplina. O clima
dizia respeito ao quando guerrear, o terreno a que em condições guerrear e o
comando e a disciplina às habilidades que deveria deter o general para manter
seus homens preparados e dispostos para o combate.
Num salto propositado na história seria interessante, como
se tem feito desde o século 18, aplicar as ponderações de Sun Tzu à batalha
política para a qual se prepara o PT para conquistar a prefeitura de São Paulo
em outubro próximo.
Por polêmico que foi, é o caso de avaliar-se, dentre todos
os requisitos exigidos para a vitória final, se está em desacordo com o caminho
ou o Tao a adesão de Paulo Maluf aos exércitos combatentes de Hadad. A questão
corresponde a indagar se há algo de intrinsicamente contraditório com a predisposição e o juizo
do eleitorado a incorparação às próprias fileiras de um líder egresso das hostes inimigas para a busca da
vitória.
Desde que o anseio de justiça é capaz de suscitar
sentimentos bons nos corações mais perversos, como pregam as doutrinas de
diferentes matizes filosóficos sobre o arrependimento, o eleitorado tenderia a ver com naturalidade o eventual apoio de um antigo antagonista às teses
adversárias, desde que estas servissem ao propósito do bem comum visado pela guerra.
Era por essa razão que Sun Tzu considerava como prática necessária
à vitória a incorporação permanente de inimigos às forças de combate, os quais
deveriam ser tratados com respeito por representarem o reconhecimento das
alternâncias de estado, ainda que não de natureza, de tudo que tem existência
no universo.
Disse Sun Tzu: “se utilizas o inimigo para derrotar ao
próprio inimigo, serás poderoso em qualquer lugar aonde fores. A isto se chama
vencer o adversário e incrementar, por acréscimo, as forças em ti”.
Criar as condições para a vitória ainda antes que se trave o primeiro embate, nisso reside a arte da guerra.
Criar as condições para a vitória ainda antes que se trave o primeiro embate, nisso reside a arte da guerra.
Muito boa análise da situação. Parte das tropas paulistanas são conservadoras e se movimentam de acordo com seus "generais" conservadores. Trazer para o lado de cá um dos generais, se não trás todas as forças deste general, no mínimo as desorienta. A pesquisa deixa isto claro. Serra não cresceu um pontinho sequer. Haddad praticamente triplicou se percentual, antes mesmo de ter sido publicizada a defecção nas hordas adversárias. São Paulo vai voltar para a cidadania com Haddad e Erundina.
ResponderExcluirTriste... triste... Maluf, Haddad, arte da guerra... correlação mais absurda não existe. Como explicar o estúpido, o estapafúrdio? Chegamos ao cúmulo da imoralidade, da falta de pudor e do culto ao medíocre. Já fui PT, na época da faculdade e antes do 'poder'. Hoje sinto pena do país e do rumo que vem seguindo. É triste.
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