quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Na GV a discussão sobre o futuro do câmbio




















Duas grandes linhas de pensamento parecem colocar-se em relevo quando o assunto é que tipo de politica conduziria o país a uma desvalorização controlada do cambio que, resguardando o nivel de emprego na disputa entre o produto nacional e o importado, preservasse, ao mesmo tempo, o real dos efeitos inflacionários das medidas a virem ser implantadas nesse sentido.
O pomo da discordia, como quase sempre oocorre em economia, é entre os que perdem e e os que ganham com desenhos alternativos de políticas, brandidas por economistas como exercício desinteressado de pesquisa. Em meio a esses partisans pode-se ouvir sempre alguma voz pautada por um sopro de patriotsmo, ainda que fora de época.

No colóquio em questão primeiro posicionou-se o Governo. O economista Eduardo Pires de Souza, do BNDES, apontou que a indústria perde aceleradamente a competitividade frente concorrentes mundo afora. Mostrou como prova dados apontando que enquanto a economia brasileira andou ao rítimo de 4,4% médios ao ano de de 2004 para cá a indústria não acelerou o passo do crescimento para além dos 3%. Andando de lado a produtividade, cresce o peso da mão de obra no produto da indústria, o que mina sua competividade e a torna dependente crônica das medidas fiscais laxantes do Governo. Pediu o assessor para que se atentasse aos números: enquanto os custos da folha aumentaram para a indústria manufatureira no Brasil estratosféricos 130%, na Alemanha permaneceram estáveis em 0,2%. Silêncio no auditório.

Veio de Minas a invectiva mais canhestra contra uma formulação mais consentânea para o problema do câmbio. O professor Marco Rezende da Federal de Minas, traduzindo talvez algo do que entende ser a posição do presidenciável Aécio Neves sobre o assunto, propugnou por mais do mesmo. Assim ponderou o economista o conservador: se o problema é o excesso de divisas que ingressam no país e o risco de que saiam tão abruptamente quanto entraram, nada mais natural que se controle o câmbio na entrada e saída desses capitais. Diante do programado rebaixamento da caixa d’água das divisas que nesse caso seria de esperar, o professor arrematou dizendo que continuaria ser necessário manter os juros elevados e sob severo controle as despesas governamentais (as de investimentos, inclusive) para garantir preços acomodados.

Algo como reunir os especuladores à mesa para combinar com eles as regras do jogo, transferindo a conta do acerto aos trabalhadores e às empresas brasileiras que precisem recorrer ao mercado de crédito. Mas passemos adiante, já que tal posicionamento não se mostrou capaz de arrancar uma expressão sequer aos presentes.
Seria preciso uma voz de autoridade, com moral histórica para apontar um caminho que não fosse nem muito ortodoxo nem demais inovador, mas que - neste ano em que se comemora o centenário de Raul Prebish, o pai do pensamento nacional-desenvolvimentista latinoamericano - indicasse uma maneira menos autopunitiva de convivência com o capitalismo internacional ou com o que deu-se agora de chamar “mercados”.
Ninguém melhor para desempenhar esse papel que o professor Bresser Pereira, paladino de uma versão bastante aceita de internalização do desenvolvimento econômico e ele mesmo decano da Instituição promotora do encontro. O professor Bresser reverberou Prebish e Celso Furtado e apontou nos céus as pás de moinho da doença holandesa: o perigo de um ingresso indesejado de moeda forte (não só dolar) que valorizasse o real e aniquilasse a indústria nacional , o que, no entender do respeitado economista, já estaria ocorrendo desde alguns anos.

Os presentes entreolharem-se porque, afinal, não é de todo certo de que o organismo econômico do país esteja padecendo de enfermidade desse tipo. Afora a profissão de fé no papel da indústria nacional, Bresser Pereira nãofez ouvir aos participantes do colóquio nada nada de mais inovador que não fosse a cantilena da proteção incondicional da indústria nacional,lembrando os áureos tempos de juventude, tre as d´cadas 60 e 80 passadas, em que a indústria brasileira teria crescido quase 1000%, permitindo o intenso processo de urbanização que então se verificou (acrescento eu). Os acadêmicos bocejaram.

Coube, no entanto, a um jovem professor da Universidade de Campinas, Ricardo Carneiro, o ponto de vista mais ousado e também funcionalmente mais aderente à situação concreta experimentada pelo país no atual contexto da economia internacional. Retomando as avaliações do representante do BNDES, o jovem professor lembrou qua não dava mais para retomar a paridade cambial de 10 anos atrás para assegurar competitividade a setores industrias moribundos que haviam irrremediavelmente perdido a capacidade de reagir à obsolescência e ao atraso tecnológico.

Ousou sustentar que se tratava sim de voltar os olhos aos setores de mais alta produtividade e competitividade da economia nacional e que vinham respondendo pelo substancial das mudanças estruturais verificadas no país: os execrados setores de comódites agrominerais e de alimentos, o setor de serviços (reponsável pela criação de 75% do estoque de empregos nos últimos 1a anos), o setor metal-mecânico e aero-espacial. Porque aí, aí sim estaria o força motriz do que se poderia chamar de mercado interno.

Para surpresa dos que pensavam nada existir além do senso comum do jornalismo econômico diário defendeu as inversões em tecnologia capitaneadas por empresas ligadas ao setor público e a recusa em disputar-se com a China o papel de fabrica do mundo, dado as vantagens de escala e de custos fabris de que desfruta aquela economuia asiática. Terminou dizendo: “o câmbio está muito valorizado mas é preciso tomar cuidado com ele. O crescimento brasileiro se baseia na demanda doméstica e não só nas exportações”

Com sua fala ficou a impressão de que o país está no rumo certo e de que Prebish e qe as teses cepalinas são uma referência e não um fetiche.















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