terça-feira, 1 de setembro de 2015

Dilma abre espaço entre generais


Uma grande jogada que pareceu despercebida pela mídia, seja por incapacidade de interpretação seja pela inconveniência de reconhecê-lo, foi a recente indicação do senador Otto Alencar para presidir a Comissão Especial de Desenvolvimento Nacional, criada no âmbito do Senado para dar seguimento à "Chamada Agenda Brasil", de proposição da presidência dessa Casa Legislativa.

Para quem ainda não sabe, Otto Alencar foi vice-governador, quando então era ainda governador da Bahia, o atual Ministro das Forças Armadas Jacques Wagner. Tem com ele relação de confiança e sua designação não pode ser vista senão como patrocinada e conduzida pelo padrinho político.

Mais importante que essa questão de relacionamento pessoal é que, pela primeira vez e de fato, um ministro Civil das Forças Armadas é chamado a interferir diretamente nas questões de definição das políticas de Estado.

O fato traz mais um ator para as discussões sobre os possíveis desfechos da crise política que atravessa o País. Os militares estavam afastados institucionalmente das discussões sobre os caminhos do desenvolvimento do Brasil, pelo menos desde o Governo Sarney. Não foram ouvidos sobre as privatizações. Não foram ouvidos sobre os programas de distribuição de renda.

Esse fato é tão inusitado quanto o foram as declarações de líderes importantes do empresariado sobre os rumos a dar a crise, enfatizando a importância de manutenção da paz social e da ordem constitucional. Congrega e articula as Forças Armadas ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo.

Para aquém da dimensão mais estratégia e mais estrutural afeta ao projeto de País, o fato tem o condão de demonstrar no conturbado ambiente político que atravessamos que, se concordaram com respaldar e até participar das discussões da Comissão, é óbvio que de antemão descartam nossos militares saídas de ruptura que atentem contra a ordem democrática. E a liga é tão rígida quanto carbono, o que se convencionou de chamar de projeto nacional; um programa patriótico dos diferentes atores institucionais com o objetivo de perseverar na construção da Nação.

Logo serão apenas os 40 réus de processos por improbidade que correm no Supremo, comandados pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha, aqueles que vociferarão pelo linchamento da presidente eleita em praça pública. E, quando assim for, poderão estar no lugar que lhes compete...a cadeia, se condenados forem.

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