terça-feira, 8 de julho de 2014

NOS BASTIDORES, ARTICULISTAS JÁ PENSAM EM LULA PARA 2018


 
 
 
Em jornal para empresário ler, os mais categorizados articulistas dão como favas contadas a vitória de Dilma nas eleições de 2014 e já passam a especular sobre o papel que Lula terá no segundo mandato a fim de garantir para si um novo termo. Da abordagem adotada depreende-se duas coisas com relação a 2018, além da certeza da candidatura de Lula: revelar-se-ão inviáveis no futuro novas postulações de Aécio Neves e Eduardo Campos; enxerga-se na liderança de Lula a única possibilidade de condução exitosa de uma segunda rodada de transformações que o mundo da política e dos negócios precisam. Segue o texto em que se baseiam tais considerações, publicado na edição de 7 de julho de 2014 do jornal Valor Econômico, exclusivo para assinantes.

Lula será protagonista político no 2º mandato

Por Raymundo Costa e Andrea Jubé | De Brasília

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para ser protagonista político no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, se ela vencer as eleições de 5 de outubro. A intenção de Lula é ter uma atuação "proativa" já a partir de janeiro de 2015, com o objetivo de manter unida a base política e social do governo. "Vai ser uma atuação do tamanho da liderança política dele", disse ao Valor um interlocutor do ex-presidente.

Os mais próximos de Lula descartam a hipótese de que esse ativismo seja interpretado como interferência indevida em assuntos do governo ou poder paralelo. Pelo contrário, avaliam que isso forçará Dilma a conversar e negociar mais - movimentos que ela evitou no primeiro mandato. "Ela vai ter de incorporar isso no processo político", disse a fonte.

Lula deverá liderar o debate sobre propostas que Dilma eventualmente não queira tomar a frente, como seria o caso do projeto de regulamentação dos meios de comunicação eletrônicos, que são concessões públicas, defendida por aliados como o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins.

Ele também pode ter uma posição diferente do governo sobre assuntos econômicos, como, por exemplo, a política de desonerações, para citar um caso.

Essa atuação "proativa" promete se intensificar a partir do segundo ano do eventual último mandato de Dilma, pois Lula já se coloca à disposição para voltar em 2018, "se o povo quiser um velhinho", diz a fonte.

Do ponto de vista do lulismo, a presidente Dilma é a chefe de governo e de Estado; mas a principal liderança do projeto político do PT é Luiz Inácio Lula da Silva.

No primeiro mandato de Dilma o ex-presidente procurou se manter ao largo, sobretudo nos dois primeiros anos, para não dividir a base econômica e social na qual se assenta o lulismo. Outro fator que o manteve longe dos holofotes foi o tumor na laringe.

Mas quando 1 milhão de pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo e exigir serviços públicos "padrão Fifa", em junho do ano passado, Lula apareceu rapidamente para tentar socorrer Dilma, que viu sua popularidade despencar. Gravou um vídeo exortando a militância petista a se engajar na campanha pela reforma política sugerida pela presidente.

Depois, Lula voltou a submergir. O ex-presidente aumentou as participações em eventos públicos neste ano, a ponto de alimentar o "Volta, Lula" e ser obrigado a reiterar declarações de que a presidenciável do PT era Dilma e não ele. Lula e Dilma discutiram o assunto a sós, numa reunião em São Paulo. Lula pediu que a presidente tomasse a frente de sua campanha.

Depois disso, o ex-presidente teve uma reunião no Instituto Lula com o ex-ministro Franklin Martins e o publicitário João Santana. Dilma ficou sabendo e cobrou a ausência de seu ex-chefe de gabinete Giles Azevedo. Lula respondeu que fora encontro de ocasião. Ele aproveitara a presença de Franklin e Santana no Instituto Lula, após uma reunião, para trocar impressões sobre pesquisas.

Outro mal-estar que persiste nas relações deve ser corrigido nos próximos dias: a efetiva participação do ministro Gilberto Carvalho (Relações Institucionais) na campanha da presidente. O ministro, que é o mais próximo amigo de Lula ainda no governo Dilma, só ainda não fora incorporado porque a presidente não o liberara, como fez com Giles, que era seu chefe de gabinete na Presidência.

Confirmada a candidatura dilmista na convenção nacional do PT em junho, Lula voltou a buscar os holofotes de forma sistemática. Tem participado de atos políticos com e sem a participação de Dilma. E começou a falar mais. Deu entrevistas para blogueiros escolhidos por ele, falou para o SBT e para a imprensa internacional. Esses movimentos, entretanto, são amostra tímida do "canhão político" que se pretende afirmar na eventual continuidade do PT no poder.

Lula e Dilma chegam ao início da campanha eleitoral, que começa oficialmente no dia 6, depois de superar um período de turbulências por causa do "Volta, Lula".

O ambiente na campanha de Dilma é de profundo ressentimento com a imprensa, a quem se atribui o clima de pessimismo com a realização da Copa do Mundo. "O 'Não Vai Ter Copa' perdeu para a 'Copa das Copas'. Ganhamos de goleada", diz um dos integrantes da coordenação de campanha de Dilma.

A cúpula da campanha petista considera que venceu uma "batalha preliminar da campanha eleitoral", que foi "duríssima", segundo expressão de um de seus integrantes. Agora, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão - e o PT com o maior tempo dos candidatos - avaliam que Dilma terá chance de mostrar suas realizações.

"Vai ser uma campanha entre quem tem o que mostrar e quem tem o que esconder", define este integrante da campanha.

O "Não Vai Ter Copa", segundo fontes próximas de Dilma e Lula, "foi uma derrota política da oposição". A campanha da presidente considerou "lamentável" a atitude de Aécio Neves e Eduardo Campos em relação às vaias recebidas pela presidente na abertura da Copa do Mundo.

Entende-se que eles não reagiram com firmeza às vaias recebidas pela presidente da República, que estava no Estádio do Itaquerão para abrir a Copa. Os dois teriam reagido como quem diz "ela está colhendo o que plantou".

A crítica é especialmente rigorosa em relação ao candidato do PSDB, Aécio Neves, que na visão da campanha de Dilma cedeu ao "discurso do ódio", quando poderia adotar uma postura mais leve e positiva, que o preparasse para sair da eleição de 2014 com um discurso pronto para 2018.

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