Parafraseando
Lula, nunca antes na história política deste País o antipetismo entrou com
tamanha desvantagem numa disputa política. Retrocedendo no tempo, há dois anos
do final do primeiro mandato de Lula, a oposição depositava todas suas esperanças nos
efeitos do que chamava de mensalão. Em igual momento do segundo mandato tinha a
expectativa de que a ausência de rivais com o carisma de Lula tornasse um
passeio seu retorno ao Planalto.
Por duas
vezes a oposição pôde contar com um clima favorável de partida, que lhe
garantiu na mídia certa discursividade plena de apelos de adesão e de adensamento
das candidaturas colocadas em confrontação com o governo petista. Apenas
algumas vozes antecipavam os possíveis percalços da empreitada em meio ao
alarido da comemoração antecipada do “olha nós aí outra vez”.
Agora é diferente.
Depois de haver jogado sem sucesso todas
suas fichas no julgamento da ação penal 470 só restou apreensão nas análises
das vozes dominantes no rádio e televisão. Um exemplo significativo dessa agora
inédita racionalidade negativa que tomou conta do discurso político hegemônico
é bem expresso no texto que o Grupo Folha e as Organizações Globo fazem
publicar, pela pena do jornalista de política Cristian Klein, no jornal Valor Econômico de 3 de janeiro de 2013. Ei-lo na íntegra.
Ventos
a favor de Dilma, com ou sem pibão
Por Cristian Klein do Valor Econômico
Se
o Brasil terá um pibinho ou um pibão em 2013, é difícil prever. Analistas
costumam cravar nas casas decimais um crescimento da economia que pode se revelar,
ao fim e ao cabo, totalmente fora do esperado. Consultorias chegavam a apontar
um aumento de 4,5% em 2012 e o PIB deverá ficar abaixo de 1%. Menos instáveis
têm sido as previsões políticas. O ano-novo marca a metade do mandato da
presidente Dilma Rousseff e uma coisa que se pode dizer é que a petista já tem
motivos para comemorar até um feliz 2014, quando, ao que tudo indica,
concorrerá à reeleição.
Dilma
abre o terceiro ano de governo com uma combinação de fatores econômicos e,
principalmente, políticos que lhe deixam numa situação bastante favorável.
Há
a ameaça constante de contaminação da crise dos Estados Unidos e da Europa, o
crescimento da economia nacional é baixo, mas a situação de pleno emprego e a
manutenção do poder de consumo têm pesado mais na balança. A aprovação ao
governo Dilma, de 62%, supera com folga à obtida por Lula, 41%, e Fernando
Henrique Cardoso, 47%, no segundo ano do primeiro mandato dos dois
ex-presidentes.
PSD e PSB grudam no governo ao se armar tabuleiro
para 2014
Muito
pode acontecer até 2014, a eleição parece longe, mas o tempo político exige a
antecipação dos movimentos em pelo menos um ano, devido ao prazo de filiação
partidária. A entrada ou não de Marina Silva no páreo, por exemplo, deve ser
definida neste mês. Caso queira fundar um novo partido, a ex-senadora que
surpreendeu em 2010, com 20% dos votos, precisa agir rápido para mobilizar seu
grupo/movimento, reunir quase meio milhão de assinaturas e obter o registro até
outubro.
A
participação de Marina é uma incógnita que pode ter algum efeito sobre o
resultado da disputa, mas não deve ser nem sub nem superestimada. Tende forçar,
no máximo, como em 2010, à realização de um segundo turno no qual Dilma
permanece favorita.
Pelo
menos duas razões alimentam o favoritismo. Em primeiro lugar, a presidente
encontrará uma oposição mais enfraquecida. O PSDB, principal legenda
adversária, tem o desafio de reunir suas hostes em torno do senador Aécio
Neves. O ex-governador de Minas encontra dificuldade de empolgar o QG do partido,
desde sempre concentrado em São Paulo. Os tucanos têm ainda problemas crônicos
no terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro, a ponto de
cogitar saídas heterodoxas para criar um palanque no Estado. Transferir o
título do ex-governador de São Paulo José Serra para o Rio, lançar o
apresentador de TV Luciano Huck ou economistas da era FHC sem carreira política
dão a medida da escassez de alternativas do PSDB.
O
racha no DEM, segunda maior sigla de oposição, não só dividiu os adversários,
como trouxe um naco relevante deles para o campo governista. Liderada pelo
agora ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sob a bandeira do recém-criado
PSD, uma nova tropa aderiu à já ampla coalizão que sustenta a presidente.
De
tão grande, esta coalizão passou todo o ano de 2012 sob o risco de
esgarçamento. Nos dois último meses, porém, Dilma recebeu indicações de que seu
exército marchará unido. É a segunda razão para o favoritismo.
O
emergente governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deixou de lado seu
discurso ambíguo, afirmou que não será candidato em 2014 e apoiará a reeleição
da presidente. É uma declaração que deixa o cenário ainda mais claro e
favorável à Dilma, uma vez que também se especulava sobre a possibilidade de
Campos romper com o governo federal e unir-se a Aécio Neves. Não o fará. Seja
pela expectativa de ser apoiado ou se ver livre de compromissos com o PT, em
2018, seja porque atualmente enfrenta resistências dentro do próprio partido, a
começar pelos irmãos Ciro e Cid Gomes - ex e atual governador do Ceará - que
hipotecam apoio a Dilma.
Ao
mesmo tempo, a presidente amarra o PSD. Apesar de criado para fazer a
transposição de oposicionistas em direção à base do governo, nada garantia que
Kassab e sua turma dessem meia volta volver. Mas as tratativas para a entrada
do partido no ministério grudam os pessedistas à administração do PT justamente
no momento em que se arma o tabuleiro para 2014. Até a senadora ruralista Kátia
Abreu (TO), única com condições de desafiar Kassab no PSD e crítica ferrenha
durante o governo Lula, está na órbita de Dilma Rousseff.
A
adesão do PSD tornou-se uma necessidade ainda maior para a sobrevivência da
liderança partidária do ex-prefeito depois da derrota nas eleições municipais,
quando sua administração foi reprovada e seu candidato, Serra, saiu derrotado.
As
eleições locais, embora não sejam preditores para a disputa presidencial, deram
a medida da correlação de forças. E as siglas de oposição, no geral, minguaram.
O PSDB perdeu quase cem prefeituras e o DEM, mais de 200. Legendas aliadas ao
governo federal, mas ideologicamente distantes do PT, como PR, PP e PTB,
deixaram juntas o poder em mais de 300 municípios. Ao todo, as cinco siglas
perderam 631 cidades, número semelhante às 684 ganhas a mais por PT e PSB
somadas às conquistadas pelo novato PSD.
Isso
mostra que o impacto do julgamento do mensalão nos resultados foi não apenas
nulo, como não evitou a vitória mais cobiçada pelo PT, que elegeu Fernando
Haddad, em São Paulo. Para piorar, a pressão da opinião pública - ou pelo menos
a atenção - nos próximos meses foi empurrada para o lado da oposição, que se
verá às voltas com o julgamento do mensalão mineiro, do PSDB, como prometeu o
STF.
Por
fim, o vento sopra a favor da reeleição quando entram na conta atores da
sociedade civil como os sindicatos e o empresariado. Os primeiros não se sentem
tão representados quanto na era Lula, mas suas preferências estão longe da
agenda da oposição. Já os empresários, sobretudo os da indústria, tiveram suas
demandas atendidas pelo Executivo, especialmente na cruzada pela redução da
tarifa de energia elétrica. A luta de Dilma em prol da energia barata foi
saudada em generosos anúncios publicitários pelas federações das indústrias de
São Paulo (Fiesp) e do Rio (Firjan). É mais um sinal de que a presidente ruma
para a sucessão tão ou mais forte que seus antecessores - mesmo que não venha o
"pibão grandão" que Dilma pediu no Natal.
o Valor é PIG LIGHT e tá apoiando a Dilma para tentar arrefecer o crescimento a candidatura do Lula.
ResponderExcluirSe o pig tiver exito em desconstruir Lula, vai partir com td sobre a Dilma, não se iludam.
O pig já está conseguindo dividir, separar Lula de Dilma, isso não me cheira bem.
O partido dos Trabalhadores já teve experiência de racha na cidade laboratório do ABC, (Santo André) com a derrota de Vanderlei Siraque (PT) para Aidan Ravin (PTB), esse erro foi sanado e acho dificil de acontecer no momento.
ResponderExcluirRudinei Guimarães - CMSA 011 997491350
Seria suicídio político o Eduardo Campos romper c/ Dilma/PT. Em 2014 o PSDB plantará a candidatura do Aécio Neves tentando colher resultados em 2018 com o natural desgate do PT após 16 anos de governo. Numa eventual ruptura política com o PT que espaço político terá Eduardo Campos com os tucanos???
ResponderExcluirTambém acho que eles querem dividir. Nem Eduardo Campos tem interesse que Lula saia candidato porque a sucessão do ex-presidente teria um desfecho imponderável. Mas os efeitos produzidos pelo lançamento da candidatura Lula tiveram o efeito formidável de fortalecer Dilma sem no entanto debilitar Lula. A tendência é que daqui pra frente a mídia fique presa ao balé Lula/Dilma, torcendo por esta. O jogo está senddo bem jogado.
ResponderExcluircom a queda da audiência da globo e a revista veja envolvido com "CACHOEIRA" ou seja o O PIG não tem audiência e está desmoralizada o povo não gosta da midia!!!
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