Um fenômeno curioso mostrou-se com a
posse de Joaquim Barbosa na presidência do STF: o ressurgimento de certa esquerda festiva, sempre
disposta a trocar as grandes conquistas democráticas do País pela efervecência de uma
emoção midiática, como a que cercou a posse do ministro.
Para ilustrar a crispação das emoções, é o bastante sublinhar as muitas referências que se fêz nas redes sociais sobre a presença da mãe do ministro, negra como ele (sim, porque poderia ser
branca como a de Obama), na ala VIP do plenário e ao fato, tão óbvio quanto a cor do empossado, de ser ele o primeiro negro a
presidir o Judiciário.
Muitos viram o simbolismo de uma conquista popular histórica onde mais não havia que a preparada encenação por grupos mais reacionários da nossa sociedade de ato político destinado a conferir legitimidade às condenações espúrias, porque sem base no direito constitucional da ampla defesa e da demostração probatória, com a finalidade de marcar o governo Lula com o estigma da corrupção.
Muitos viram o simbolismo de uma conquista popular histórica onde mais não havia que a preparada encenação por grupos mais reacionários da nossa sociedade de ato político destinado a conferir legitimidade às condenações espúrias, porque sem base no direito constitucional da ampla defesa e da demostração probatória, com a finalidade de marcar o governo Lula com o estigma da corrupção.
Não resistiram à emoção programada
pela emissora de emprestar um ar de “happening”
ao que deveria ser uma simples cerimônia oficial com o propósito de obliterar o sem número de violências jurídicas cometidas pelo empossado
contra personagens chaves da luta das esquerdas brasileiras para romper os mecanismos de reprodução das desigualdades sociais no País.
Para os que gostam de ostentar Che nas camisetas antes de experimentar-lhe no peito a indignação, as imagens de TV tiveram o condão de
equiparar o juiz arbitrário, arrogante e personalista a Lula, ao primeiro operário a chegar à
presidência de um país capitalista.
Esqueceram-se-se de considerar que Lula
foi eleito pelo voto popular depois de haver enfrentado e, por fim, derrotado, a mesma
emissora de TV que agora se mancomuna com o festejado juiz. Que sua chegada à Presidência foi o corolário do combate que deu ao regime autoritário, enquanto a do Ministro ao Supremo não passou de tentativa frustrada de acelerar avanços sociais em marcha no País, com a indicação de um alto magistrado pertencente a setores historicamente sem voz na sociedade brasileira.
Lula, Dirceu e Genoino são gigantes
da história política recente do Brasil. Joaquim Barbosa não é senão um anão, que vem se prestando à execução de um sórdido plano de natureza personalista destinado a transferir para o interior das Instituições de Estado o enfrentamento político que uma oposição impotente tem se revelado incapaz de levar adiante por meio de eleições democráticas.
Vitoriosa nas urnas, a despeito da
urdidura que entrelaçou nas últimas eleições ambições pessoais e os interesses inconfessáveis de um
“establishment” golpista, é chegada a hora da esquerda consequente
mobilizar as forças vivas da sociedade para refutar a tentativa de banimento da vida pública
daqueles que ergueram essa que é a pilastra central em que se apóia a democracia no Brasil, o partidos dos trabalhadores.