Perplexidade. Um segundo vendaval varre a campanha eleitoral
de 2014. Exatamente quando aquele produzido com a morte de Eduardo Campos
parecia arrefecer, dando lugar a uma disputa mais equilibrada entre Marina
Silva e Dilma Roussef, eis que a delação feita à polícia judiciária pelo
diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa sobre o pagamento de propina a
políticos faz recair um verdadeiro ciclone sobre as duas candidaturas melhor
posicionadas na corrida eleitoral.
A razão está no que virá a baila nas próximas horas no
noticiário político, primeiro em doses discretas depois em doses cavalares,
como produto das confissões do homem-bomba da estatal. Não apenas 4 dezenas de
deputados da base aliada do governo na Câmara recebiam propinas regulares de
fornecedores da Petrobrás, mas também o quase beatificado ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos. E não era pouco. Além do generoso pagamento de
parcelas do jatinho que se espatifou, Eduardo Campos financiou boa parte de seu
projeto eleitoral e de seu patrimônio pessoal com recursos desviados da
construção da refinaria Abreu e Lima em seu Estado.
Para Dilma o caso causa constrangimento pelo amplo
envolvimento de políticos que integram os partidos que lhe dão sustentação.
Para Marina o efeito é devastador porque exuma seu padroeiro e o expõe – além
de sua própria candidatura – como beneficiário de formidável esquema de
propinas em muito superior àquele a que se deu o nome de mensalão.
Se antes a fraco suporte parlamentar de Marina atuava em seu
favor, desvinculando-a da classe política e fazendo dela a continuadora da
missão de Eduardo Campos, agora é a missão mesmo que se encontra em xeque: nada
de nova política, nada de projeto alternativo que teria unido ela ao até agora mártir do Palácio Campo das Princesas.
Porque não há como negar que eleições no Brasil é antes de tudo uma
disputa de personalidades, a de Dilma pode até sair fortalecida com sua
esperada repulsa ao mal feito de políticos; a de Marina soçobra no mais fundo mar de suas contradições. Aécio, inimigo da Petrobrás, este tirou a sorte grande na fase final da corrida eleitoral.